sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Livro aponta adultério feminino como segredo do sucesso nos casamentos

Livros
'The Secret Lives of Wives'
narra casos de mulheres que equilibraram suas vidas matrimoniais com romances extraconjugais

Nos clássicos da literatura, mulheres que ousam trair seus maridos sofrem destinos previsíveis: morte, suicídio, condenação social. Anna Karenina se atira na frente de um trem. A Madame Bovary é levada a beber arsênico. E a pobre Hester Prynne é marcada com uma letra escarlate por ter um filho de outro homem. Agora, um novo livro sobre o assunto, mostra que as mulheres modernas não se deixam mais abater pelas consequências de seu adultério.
“Se você conseguir não ser pega, um pequeno caso pode levantar seu casamento”, diz Lucy, uma californiana na casa dos 50 anos. “Meu marido é limitado e isso não é suficiente”, diz Shauna, que mantém um romance secreto com seu jardineiro. “Um marido é seu parceiro e uma base sólida na sua vida”, diz Lana, uma atriz de 59 anos. “Mas se você é uma pessoa multidimensional, precisa de cores variadas”.
Essa são as mulheres de The Secret Lives of Wives (“A Vida Secreta das Esposas”), o polêmico livro da jornalista Iris Krasnow. Nas últimas três décadas, Krasnow vem documentando a vida familiar e matrimonial – seu livro de estreia, Surrendering to Motherhood (“Se rendendo à maternidade”) entrou na lista de bestsellers do New York Times. Mas depois de 23 anos de casamento, e anos ouvindo as reclamações das esposas de longa data, ela se perguntou: como aquelas que têm casamentos bem sucedidos conseguem mantê-los?
A resposta certamente não é aquela que se poderia esperar – especialmente quando são os homens, e não as mulheres, que parecem ser constantemente flagrados em situações de adultério. Por meio de entrevistas com mais de 200 mulheres, e dois anos de pesquisas, Krasnow descobriu que os métodos usados por mulheres que conseguiram se manter casadas às vezes por até 70 anos.
Livro de Iris Krasnow foi escrito após entrevistas com mais de 200 mulheres
Alguns de seus segredos? Tire férias separadas. Seja adepta da depilação e faça sexo – mesmo quando não quiser (“sexo pode curar qualquer coisa, pelo menos temporariamente”, diz Krasnow). Seja infiel, se for necessário. Ou use a abordagem utilizada pela autora: encontre um “namorado com limites” – um homem com quem flertar, sem o sexo, para mantê-la ativa. “Esperar que uma pessoa, homem ou mulher, te faça feliz pelo resto da sua vida é um convite ao divórcio”, diz a autora, uma professora da American University. “As mulheres mais felizes que entrevistei têm propósitos e paixões fora do casamento”.
Para alguns, isso significa uma carreira ou alguns hobbies. Mas para uma boa parte das entrevistadas, dispostas a admiti-lo, significa algo mais. Mimi, dona de um serviço de bufê, diz que a troca de parceiros – o popular “swing” – manteve seu casamento vivo. Shauna mantém um romance há duas décadas com seu jardineiro, e usa a mesma frase para descrever sua relação com ele, com seu marido, Paul: “Não consigo me imaginar sem ele”. Reed, uma professora de educação física de 48 anos, descreve como rápidos beijos com outros homens mantiveram seu casamento vivo: ela consegue descrever todas as suas expectativas com relação ao que poderia acontecer com eles, mas afirma que as guarda, “canalizando toda essa tensão sexual na cama de seu marido”.
Quais quer que sejam as histórias dessas mulheres – e há uma enorme quantidade delas – uma coisa é certa: uma vida que gira em torno de um único homem não parece ser o suficiente. “Para algumas mulheres”, diz uma terapeuta sexual da Flórida a Krasnow, “mais de um relacionamento pode fazer toda a diferença entre contentamento e depressão”.
De certa forma, nada disso é especialmente surpreendente: já nos anos 1950, Alfred Kinsey afirmara que 26% das mulheres traiam seus maridos, e outros 20% se envolviam em interações românticas não-sexuais. Entre essas mulheres, 71% declarava ter um casamento perfeitamente saudável – mesmo quando seus maridos suspeitavam que havia algo de errado. Hoje, pesquisas mostram que 65% das mulheres e 80% dos homens afirmam que trairiam se soubessem que poderiam fazê-lo sem serem pegos. Com números como esses, não é surpresa que os críticos culturais tenham declarado a morte do casamento.
Mas Krasnow rapidamente percebeu que existe uma enorme quantidade de homens e mulheres em casamentos longos que funcionam – ainda que por meio de métodos criativos. “O casamento é difícil”, diz a autora. “Meu objetivo é liberar os leitores e mostrar a eles que não existem padrões dourados no casamento. Cada mulher deve se sentir livre para criar seu próprio casamento”.
Embora as repercussões de um traição possam ser feias, elas estão longe de ser ameaçadoras como já foram no passado. 21% dos casais dizem viver “casamentos abertos”, e 4 milhões de norte-americanos se identificam como praticantes do swing. “Se algumas dessas mulheres podem se manter casadas, qualquer um pode”, diz Krasnow, monógama há 23 anos e mãe de quatro filhos, que admite ocasionalmente pensar em Darrin, seu vizinho. Não se trata de traição: Darrin é simplesmente o tipo de amigo que toda mulher deveria considerar (e todo marido deveria encorajar). “É claro que eu o acho atraente, e ele é um alívio para meu marido. Quando Chuck não quer falar comigo , ele sempre pergunta ‘O Darrin não está em casa?’”
“Foi meio esquisito no começo”, diz Chuck. “Mas depois que nos conhecemos, tudo ficou bem”.
Todos que já se envolveram em relacionamentos já lutaram contra essa pergunta: uma única pessoa é realmente capaz de satisfazer todas as suas necessidades? Dependendo das vendas do livro de Krasnow, muitos perceberão que essa luta é inútil.
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Fontes: The Daily Beast - Is Cheating the Secret to a Happy Marriage?

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