segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O que a felicidade não é

A ideia errônea do que é a verdadeira felicidade pode vir a ser a principal causa da infelicidade. Convém apontar o que a felicidade “não é”:
- A felicidade não tem ligação com a ausência de embaraços, dificuldades, imprevistos, oposição ou embates. Antes, a presença destas coisas exercita e valoriza a vida. Muitas vezes quebram a rotina e servem de degraus para que alcancemos posições mais altas.
- A felicidade não depende de circunstâncias favoráveis. Se fosse circunstancial, ela seria instável, transitória, incerta. Ela não se apoia em fatores que nem sempre estão sob o controle humano.
- A felicidade não é resultado da satisfação de todo desejo do coração. Os nossos desejos frequentemente são contraditórios e surgem de fontes opostas entre si. Qualquer pessoa descobre que a não satisfação de certos desejos, conquanto fortes e audaciosos, resulta em extraordinária felicidade.
- A felicidade não significa uma aceitação silenciosa e compulsória das dificuldades existentes, como se fossem determinadas por Deus. A resignação é virtude cristã e preciosa, mas não deve se confundida com a indisposição para a luta ou com o medo, com a covardia ou a falta de fé.
- A felicidade nunca acontece em uma sala fechada em cuja porta, do lado de fora, uma tabuleta avisa: “Não entre sem ser chamado”.
- A felicidade não depende do isolamento, do silêncio, de calmarias, de acessórios e assessores, da ginástica, do chamado “pensamento positivo”, da repetição mecânica de orações e de frases de otimistas, de mentiras inteligentes e bem elaboradas. Ao contrário, a felicidade tem de conviver com a maldade, com o sofrimento, com a inimizade alheia, com a morte, com a realidade presente e histórica

A tirania da felicidade


Para Pascal Bruckner, romancista francês e autor do livro “A Euforia Perpétua”, a felicidade hoje se tornou uma tirania, “as pessoas vivem obcecadas em conquistá-la, como a uma propriedade. Já que as pessoas correm a vida inteira atrás dela, a felicidade vira uma inquietação permanente”, passa a fazer parte do território da angústia.
Eliane Brum, escritora e jornalista, alerta: “Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. Existe a crença que a felicidade é um imperativo, que é possível viver sem sofrer, que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia”. Isto torna os jovens incapacitados para lidar com a frustração.
A teologia da prosperidade igualmente apresenta o bem-estar como um imperativo e - pior - um imperativo decorrente da fé. No entanto, está muito claro, de acordo com Lloyd Jones, em seu livro Mensgem para Hoje, que "não há parte alguma da vida cristã isente de perigos. Face ao ensino do Novo Testamento, nada é tão falso como dar a impressão de que no instante em que você crê e se converte, acabama-se as dificuldades".

Riqueza e felicidade

Alguns economistas têm se deparado com o fato de que os países que enriqueceram nos últimos anos não aumentaram seu grau de felicidade em igual proporção. Darrin McMahon, autor do livro “Felicidade -- uma História”, relacionou isto ao modo como os seres humanos se adaptam aos prazeres: “É algo que todo pai já observou nos seus filhos: logo que recebem um brinquedo novo, ficam contentíssimos, mas depois o entusiasmo esfria. Psicólogos chamam isto de ‘roleta hedônica’. Os filósofos -- incluindo Adam Smith, o arquiteto intelectual do capitalismo -- sempre souberam que o dinheiro não compra a felicidade”.
O escritor francês Pascal Bruckner, autor do livro “A Euforia Perpétua”, acrescenta: “Produto interno bruto alto não é sinônimo de povo feliz. A França, um dos países mais ricos do mundo, é também onde se consome uma grande quantidade de antidepressivos".
Ainda assim, uma pesquisa realizada pela FIESP em 2010 indicou que 64% dos homens brasileiros escolheram 'ter dinheiro'  como um dos fatores mais importantes para se sentir feliz.
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Fonte: Revista ULTIMATO on line e impressa, nº332 - setembro/outubro 2011.
Imagem da Intenet

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