sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Quando os alunos dão as notas



Foi pensando nessa interatividade toda que os cariocas Rafael, Igor e Felipe criaram o site Carrasco e Mamata (carrascomamata.com.br). Nele, estudantes cariocas avaliam como é a aula de cada professor. Os mais durões ganham o apelido de carrasco, e aqueles que aliviam mais são chamados de mamata. Lógico que tem gente que usa o site para dar de espertinho e só escolher professores mais tranquilos. Mas também tem quem se preocupe e não queira saber de mamata na hora de garantir um futuro profissional.
Luís Mauro de Sá Martino, professor de Comunicação Comparada da Fundação Cásper Líbero, conversou com o Kzuka sobre a relação professor-aluno na internet e como a ferramenta pode ajudar na educação

Kzuka – Você acredita que com a ajuda da internet, usando sites como o Carrasco e Mamata, os alunos se preocupam mais com a qualidade do ensino ou querem pegar o professor mais fácil?
Luís Mauro – Depende muito do aluno. Na mesma sala de aula há alunos muito interessados no conteúdo, em ouvir e dialogar com o professor, ao mesmo tempo em que há os que querem só passar de ano da maneira mais fácil possível. No site é a mesma coisa, depende.

KZK – A preocupação com o ensino muda quando o aluno sai do Ensino Médio e vai para a faculdade?
LM – Um aluno preocupado com o seu futuro sempre é preocupado. Não importa em que série está. Às vezes, a pessoa demora mais para se conscientizar, ideia que pode vir na oitava série, no segundo colegial ou no último ano da faculdade. Mas a partir do momento em que ele se preocupa, o estudante continuará assim. Não que a faculdade faça isso, mas é uma coisa muito pessoal. A alegria deve estar no ato de aprender, não importa em que série o aluno esteja.

KZK – Quais os benefícios que a internet pode ter no relacionamento professor-aluno? Existe limites nessa relação?
LM – Tanto na vida online quanto na offline, aplico duas regras: a isonomia, em que acredito que todos devem ser tratados de maneira igual, e a separação das esferas. A esfera pessoal é o meu particular, limito essa exposição.
É necessário saber separar bem as esferas, até porque mesmo que você seja amigo de seu professor nas redes sociais, a relação de vocês não deixa de ser uma situação de poder (por parte do professor). Não sei até que ponto é benéfico o excesso nas quebras das fronteiras acadêmica e pessoal, mas acredito que essa relação tem que se basear no respeito. A internet só traz vantagens à relação acadêmica, pois a troca de informação se torna mais rápida. A web me permite compartilhar textos e links interessantes com meus alunos. Os malefícios, como troca de informações de provas ou coisas do tipo, aconteceriam de qualquer forma, mesmo sem a internet. O caráter dos seres humanos determina o que acontece na rede. A única coisa que mudou com a internet foi a amplitude das trocas de informação.
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Fonte: ZH - KZUKA - 14/10/2011

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