sábado, 22 de maio de 2010

“As crianças de hoje se autodesenvolvem”



Noemi Paymal, antropologa francesa criadora da Pedagogia 3000A antropologa francesa Noemi Paymal trabalhou mais de 25 anos em diferentes países da América Latina, em áreas como a educação alternativa. A partir de 2001, começou a atuar com crianças e jovens que chama “de terceiro milênio”, com auxílio de uma equipe multidisciplinar. O resultado de suas ações é a chamada Pedagogia 3000, em que propõe um sistema educacional ajustado ao comportamento e às habilidades das crianças de hoje.
Ela é uma das convidadas da quinta edição do Seminário Internacional Pare Pense, a ser realizado na Capital pela ONG Parceiros Voluntários e pelo Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, no dia 24 de maio, no teatro do Bourbon Country. O evento vai abordar a importância da educação para o futuro, e reunirá diversos nomes do Brasil e do Exterior. As inscrições podem ser feitas pelo site www.parceirosvoluntarios.org.br e envolvem a doação de dois quilos de alimento. Leia, a seguir, um resumo da entrevista concedida por e-mail a Zero Hora:

Zero Hora – Em que a Pedagogia 3000 se diferencia do ensino tradicional, que ainda vigora na América Latina?
Noemi Paymal – A Pedagogia 3000 atende às crianças de hoje, atende suas necessidades (não as necessidades que pensamos, como adultos, que eles têm, mas suas reais necessidades), aquelas que podemos apreender a partir da observação da criança. Não é uma pedagogia teórica, pelo contrário, aponta para uma elevação de consciência. É bela.

ZH – Qual a importância e o papel da disciplina nessa forma de ensinar? É possível conciliar disciplina e rigor com a sinergia proposta pela Pedagogia 3000?
Noemi Paymal –Tudo é uma questão de equilíbrio, de saber dosar. Acreditamos na autodisciplina, na superação dos obstáculos, na ação correta, numa mudança planetária a partir da educação, não apenas para as crianças e jovens, mas para todos.

ZH – Como as novas tecnologias alteraram o raciocínio e o aprendizado das crianças do século 21?
Noemi Paymal – Quando bem empregadas, funcionam de modo fantástico, mas quando mal-empregadas, podem resultar num completo desastre. Os bons resultados são uma questão de equilíbrio e de utilizar estas novas tecnologias de forma adequada, sempre tendo a criança como objetivo e foco, ouvindo-a, escutando suas necessidades, respeitando-a acima de tudo. É importante lembrar que são as crianças que estão provendo as mudanças, crianças de transição, então precisamos saber utilizar as tecnologias para o bem comum do planeta. É aqui que entramos como educadores praticando uma educação para o bem comum, com consciência e ética.

ZH – Há uma nova geração de alunos?
Noemi Paymal – Sim, principalmente formada pelas crianças que nasceram a partir do ano 2000, que somam atualmente em torno de 80% dos alunos.

ZH – Em que ele se diferencia dos estudantes de 20 anos atrás?
Noemi Paymal – As crianças de hoje têm características bem marcantes e fáceis de serem observadas. Entretanto, nem sempre são fáceis de serem aceitas pelos pais e professores em geral. As crianças de hoje se autodesenvolvem, possuem capacidades multilaterais (podem ver os diferentes aspectos de uma mesma coisa) e multidimensionais (podem acessar vários níveis de consciência simultaneamente) e podem ao mesmo tempo fazer a tarefa de casa, falar ao telefone, jogar o videogame, assistir à TV e prestar atenção nas conversas que estão acontecendo lá fora na esquina.

ZH – Como combater o bullying, um problema que cresce em importância e violência no Brasil?
Noemi Paymal – Uma educação preventiva, que privilegie a paz e o respeito mútuo, uma educação baseada em valores. Somente assim poderemos resolver essas questões, com uma educação voltada para a paz.
____________________________
Fonte: ZH online, 21/05/2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário