Noemi Paymal, antropologa francesa criadora da Pedagogia 3000A antropologa francesa Noemi Paymal trabalhou mais de 25 anos em diferentes países da América Latina, em áreas como a educação alternativa. A partir de 2001, começou a atuar com crianças e jovens que chama “de terceiro milênio”, com auxílio de uma equipe multidisciplinar. O resultado de suas ações é a chamada Pedagogia 3000, em que propõe um sistema educacional ajustado ao comportamento e às habilidades das crianças de hoje.
Ela é uma das convidadas da quinta edição do Seminário Internacional Pare Pense, a ser realizado na Capital pela ONG Parceiros Voluntários e pelo Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, no dia 24 de maio, no teatro do Bourbon Country. O evento vai abordar a importância da educação para o futuro, e reunirá diversos nomes do Brasil e do Exterior. As inscrições podem ser feitas pelo site www.parceirosvoluntarios.org.br e envolvem a doação de dois quilos de alimento. Leia, a seguir, um resumo da entrevista concedida por e-mail a Zero Hora:
Zero Hora – Em que a Pedagogia 3000 se diferencia do ensino tradicional, que ainda vigora na América Latina?
Noemi Paymal – A Pedagogia 3000 atende às crianças de hoje, atende suas necessidades (não as necessidades que pensamos, como adultos, que eles têm, mas suas reais necessidades), aquelas que podemos apreender a partir da observação da criança. Não é uma pedagogia teórica, pelo contrário, aponta para uma elevação de consciência. É bela.
ZH – Qual a importância e o papel da disciplina nessa forma de ensinar? É possível conciliar disciplina e rigor com a sinergia proposta pela Pedagogia 3000?
Noemi Paymal –Tudo é uma questão de equilíbrio, de saber dosar. Acreditamos na autodisciplina, na superação dos obstáculos, na ação correta, numa mudança planetária a partir da educação, não apenas para as crianças e jovens, mas para todos.
ZH – Como as novas tecnologias alteraram o raciocínio e o aprendizado das crianças do século 21?
Noemi Paymal – Quando bem empregadas, funcionam de modo fantástico, mas quando mal-empregadas, podem resultar num completo desastre. Os bons resultados são uma questão de equilíbrio e de utilizar estas novas tecnologias de forma adequada, sempre tendo a criança como objetivo e foco, ouvindo-a, escutando suas necessidades, respeitando-a acima de tudo. É importante lembrar que são as crianças que estão provendo as mudanças, crianças de transição, então precisamos saber utilizar as tecnologias para o bem comum do planeta. É aqui que entramos como educadores praticando uma educação para o bem comum, com consciência e ética.
ZH – Há uma nova geração de alunos?
Noemi Paymal – Sim, principalmente formada pelas crianças que nasceram a partir do ano 2000, que somam atualmente em torno de 80% dos alunos.
ZH – Em que ele se diferencia dos estudantes de 20 anos atrás?
Noemi Paymal – As crianças de hoje têm características bem marcantes e fáceis de serem observadas. Entretanto, nem sempre são fáceis de serem aceitas pelos pais e professores em geral. As crianças de hoje se autodesenvolvem, possuem capacidades multilaterais (podem ver os diferentes aspectos de uma mesma coisa) e multidimensionais (podem acessar vários níveis de consciência simultaneamente) e podem ao mesmo tempo fazer a tarefa de casa, falar ao telefone, jogar o videogame, assistir à TV e prestar atenção nas conversas que estão acontecendo lá fora na esquina.
ZH – Como combater o bullying, um problema que cresce em importância e violência no Brasil?
Noemi Paymal – Uma educação preventiva, que privilegie a paz e o respeito mútuo, uma educação baseada em valores. Somente assim poderemos resolver essas questões, com uma educação voltada para a paz.
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Fonte: ZH online, 21/05/2010
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