sexta-feira, 7 de outubro de 2011

'Tempos de mão-de-obra e recursos baratos acabaram', diz pesquisador

O capitalismo, da forma como o conhecemos, está em uma encruzilhada,
segundo Chandran Nair, fundador do centro de estudos
Global Institute for Tomorrow,
de Hong Kong, na China.
A BBC perguntou a Nair e a outras personalidades
 ao redor do mundo se eles acham que o capitalismo ocidental fracassou
ou está chegando ao fim.

O capitalismo fracassou?
O capitalismo não fracassou, mas sim a sua visão neoliberal, diz ex-secretário da Cepal: 'Temos que abandonar o mito do crescimento econômico infinito', diz economista. 'Falhamos como reguladores e gerentes', diz secretário da OCDE. Nascido na Malásia, de família indiana, Nair diz que o capitalismo se expandiu às custas de mão-de-obra e de recursos naturais baratos. Com o mundo prestes a alcançar sete bilhões de habitantes, é chegada a hora de uma reestruturação, que passa por uma discussão sobre progresso humano.

Abaixo, o texto de Chandran Nair.

"A forma extrema do capitalismo que permeia o mundo nos últimos 30 ou 40 anos enfrenta um profundo dilema, que nós insistimos em negar.
É importante entender dois princípios fundamentais do capitalismo: que os seres humanos são racionais e os mercados funcionam racionalmente e, o segundo, que os mercados definirão os preços, embora isso também seja falho.
É importante, então, entender as raízes do capitalismo moderno.
Pode-se argumentar que a escravidão foi a primeira tentativa de rebaixar o preço dos recursos produtivos. Quando acabou a escravidão, veio o colonialismo, que novamente foi uma tentativa do modelo capitalista de conseguir recursos a preço baixo.
Quando veio o desconforto com o fim das colônias, passamos a usar o argumento da globalização do crescimento econômico. Depois, a globalização financeira.
Quando falo sobre isso na Europa, eles citam os últimos 30 anos como tempos de alavancagem. Eu digo que eles deveria multiplicar isso por dez e ver que são 300 anos de exploração do crescimento, essencialmente.
Precisamos reconhecer que o mundo de hoje é um lugar muito diferente daquele de cem anos atrás, quando tínhamos um bilhão de pessoas. Com a atual população se aproximando dos sete bilhões, as coisas terão de mudar.
Duas questões fundamentais que o mundo terá de reconhecer, e que o capitalismo ocidental tem convenientemente ignorado, é que os bens e serviços que parecem dar impulso a empresas e economias dependem da subvalorização de recursos e externalização de custos.
O jogo acabou. Precisamos, portanto, de uma reestruturação fundamental, essencialmente em relação a como as pessoas irão viver.
Precisamos substituir noções simples de crescimento por discussões com nuances mais sofisticadas a respeito do progresso humano - o que não a mesma coisa que apenas sugerir que o crescimento econômico dará a todas as pessoas a possibilidade de ter um 'i-Toy' (referência a gadget eletrônico) ou um carro. Isso não é possível e é nesse ponto que o capitalismo empacou. Uma conversa muito séria precisa acontecer."
-----------------------------
Imagem da Internet

Nenhum comentário:

Postar um comentário