Rafael: será assim o trabalhador ideal em 2020
Um funcionário polivalente, de mentalidade elástica, muito
assertivo e com forte inteligência emocional. É assim que deve ser o
homem ou mulher que quiser ter um (bom)
lugar no mercado em 2020.
Rafael é um rapaz de dezoito anos prestes a entrar na
universidade. Daqui a cinco anos vai entrar no mercado de trabalho. Será
que estes cinco anos vão ser suficientes para se preparar para as exigências das empresas de então? É que as
mudanças tecnológicas, sociais e demográficas vão ditar novas regras na
hora de escolher os funcionários ideais do mercado de trabalho em 2020. E Rafael quer ser um deles.
Quando
tiver 23 anos, Rafael vai saber que a sua esperança média de vida
aumentou em relação à dos pais, que os postos de trabalho repetitivos
estarão entregues às máquinas e que a informática vai permitir-lhe ter
novas perspetivas do mundo à sua volta. É nisso que aposta Graham
Winfrey, jornalista da Inc., que se baseou nos critérios medidos pelas dez maiores instituições de ensino online norte-americanas.
Assim que Rafael se tornar adulto, os novos media vão continuar
a evoluir e a exigir uma adaptação constante, a tecnologia vai
desenvolver novas formas de produção e os monopólios (ainda) entregues
aos Estados Unidos da América e à Europa poderão estar dispersos por
outras regiões do mundo.
Para triunfar, Rafael terá pois de ter estas características em 2020:
Mas vamos aos pormenores. O futuro de Rafael terá como palavras-chave a longevidade,
a inteligência artificial, o mundo computadorizado, os novos media, as
organizações dotadas de superestruturas e a conexão mundial. 2020,
na perspetiva das empresas, será mesmo um ponto de viragem no modo de
fazer negócio, mas acompanhar os tempos também exige mudanças no estilo
de operar nos mercados.
O mundo global
De acordo com a Inc.com,
uma das realidades que se vai tornar mais evidente ao longo dos
próximos anos é a dispersão de recursos humanos: as empresas – desde as
mais pequenas às de maiores dimensões – vão operar num mundo globalizado
que exige a presença de funcionários em todo o mundo. A verdade é que a
comunicação empresarial não pode esperar e é para isso que a realidade
digital se está a preparar: satisfazer as necessidades de conexão.
Existem várias ferramentas com esse propósito. Novas plataformas de partilha de informação,
por exemplo, permitem enviar documentos de forma mais metódica e célere
do que através do e-mail. O armazenamento é facilitado e o alcance
informativo é maior.
Num futuro onde se esperam trabalhadores polivalentes, é mais benéfico para todos que partilhem experiências e capacidades: os blogs e microblogs
têm a função de mostrar as competências dos recursos humanos, mas
também de substituir as mensagens curtas. É mais viável que todos os
aspetos relacionados com a vida profissional dos trabalhadores seja de
fácil acesso para todos.
Nesse sentido surgem também as páginas wiki (modelo Wikipédia),
desta vez para serem utilizadas como ferramenta de armazenamento de
informação credível: uma base de dados para os assuntos ligados à
empresa que permita a todos estarem em constante atualização. No
entanto, as wiki exigem um cuidado maior com o tratamento da informação.
Muito próximo destas páginas estarão os fóruns, que existem há muitos anos mas que voltam à ribalta para fomentarem o espírito crítico e a capacidade de argumentação.
Todas
estas ferramentas exigem que se tracem objetivos muito precisos, sob
pena de caírem na vulgaridade e diversão. É necessário que todos os
utilizadores os vejam como uma base para a construção de conhecimento
atual e qualitativo, gestão mais eficaz e próxima do trabalho, um local
de brainstorming (troca de ideias em grupo) que garanta a inovação e uma plataforma de partilha segura de documentos.
Outro aspeto muito importante destes plataformas: funcionam com um propósito social. Os horários do mercado de trabalho dentro de alguns anos vão ser cada vez mais inconstantes e elásticos:
não se trabalha em função do relógio, mas antes dos objetivos traçados.
Resta cada vez menos tempo livre para a socialização: se as empresas
fomentarem os laços entre colegas de trabalho, podem garantir um maior
bem estar nos escritórios.
A geração digital
De onde vieram todas estas necessidades? A PRNewswire
explica que é uma questão geracional. Os jovens de agora que vão entrar
no mercado de trabalho em 2020 nasceram com o digital, cresceram em
paralelo com as tecnologias. Há que construir ambientes de trabalho onde
estas características sejam potenciadas.
As redes sociais
serão, obviamente, também importantes neste futuro próximo.
Será preciso estar constantemente ligado, independentemente do local e
da hora. Essa é uma das receitas para o espírito colaborativo e
envolvente de que será feito o mundo em 2020.
As competências (e os interesses) pessoais
Embora as tecnologias estejam na linha da frente para o
desenvolvimento empresarial no futuro, há que ter em conta que elas
estão ao alcance de toda a gente, alerta a Success Factors.
Até mesmo da concorrência. O único modo de combatê-la é através de mão
de obra competente, muito disponível e de espírito aberto. Essa é,
aliás, uma outra característica dos recursos humanos em 2020: as motivações vão muito para além do trabalho. Os trabalhadores vão querer entender os percursos e decisões empresariais para conseguir traçar melhor as suas operações.
Mas
nem só de computadores é feito o futuro: as competências pessoais e os
atributos pessoais dos trabalhadores também vão merecer a atenção dos
empregadores. São chamados de soft skills, mas não são tão
suaves quanto isso: é através deles que se marcará a diferença em
relação à concorrência. E não são tão fáceis de encontrar num
trabalhador quanto se possa pensar.
Mas afinal, que soft skills são esses? A Inc.com diz que são os seguintes:
- Completar tarefas de alta qualidade no espaço de tempo exigido.
- Colaborar com vários grupos de trabalho e mantê-los em comunicação – em tempo útil.
- Apresentar trabalhos ao ambiente interno e externo da empresa.
- Aprender e ensinar, tanto em assuntos técnicos como outros.
- Traçar missões para projetos de gestão.
- Adaptar-se com facilidade ao estilo de trabalho de várias pessoas.
- Ser flexível perante mudanças de planos de última hora.
- Tomar decisões concisas e ponderadas.
- Procurar novos horizontes para a sabedoria e autoridade.
- Ser proativo e apoiar os trabalhos alheios.
- Trabalhar em vários projetos ao mesmo tempo.
- Conseguir operar com um orçamento limitado.
- Conhecer as prioridades.
A inexistência destas características pode limitar o trabalho de
um funcionário e o sucesso fica comprometido se elas não forem levadas
em conta. E vão merecer muito mais atenção numa entrevista de trabalho
em 2020 do que o tempo e a atenção que se lhes dedica atualmente.
Pedro
Martins, senior manager da Michael Page Engineering & Property –
uma empresa de recrutamento que opera também em Portugal – concorda: “É
importante que um profissional se destaque dos demais, demonstrando
foco, trabalho em equipa e vontade de atingir e lutar por objetivos e
metas”. Além da inovação e adaptabilidade, “que transformem uma dificuldade num desafio ou até numa oportunidade”, também é decisivo a “polivalência e flexibilidade”.
A opinião dos especialistas
Outras características que vão ser importantes no futuro segundo Pedro Martins são as “experiências internacionais e fluência de idiomas” e
isso também passa pelo investimento em formação complementar e
capacidade de trabalho especializado. E já há exemplos disso no
presente: “As empresas que atualmente apresentam melhores resultados
são, por norma, as que tiveram a visão de apostar na internacionalização
das suas atividades”. A experiência é muito importante neste campo
porque permite um conhecimento muito preciso dos mercados-alvo.
Mas
esta é uma exigência que vem com um propósito: estabelece-se mais
confiança tanto na relação com os clientes, como pelos candidatos. E
Portugal pode estar na linha da frente: “Caso se mantenha a estabilidade
política e económica e os players do país souberem apostar naquilo que
Portugal tem de melhor, continuarão a surgir oportunidades” em áreas
como tecnologias da informação, finanças ou indústria: “Os
centros de serviços partilhados, a área digital e a internacionalização e
exportação de produtos portugueses de qualidade”.
Claro que estas
mudanças não podem tomadas como lineares. É o que explica Sandrine
Veríssimo, diretora regional da Hays – uma empresa de recrutamento
especializado – “o mercado de trabalho está em constante mudança, sendo
que as competências técnicas exigidas aos profissionais reflectem sempre
a realidade e as necessidades específicas da economia do momento”.
Mas
Sandrine concorda que as necessidades de emprego passam
obrigatoriamente por “conseguir formar e preparar os profissionais para
necessidades e tecnologias que não sabemos sequer quais serão”. Algo
parece unânime entre os recrutadores especializados: capacidade de adaptação, criatividade, versatilidade e rapidez de aprendizagem.
E
tecnicamente falando? Programar. Pegar num computador e saber
desenvolver pelas suas próprias mãos plataformas de trabalho. E isso
também exige domínio de idiomas e linguagens tecnológicas, “sobretudo se
se cumprirem as boas perspetivas para o aumento das relações económicas
entre países e o crescimento do setor do Turismo”.
Em última
análise, em 2020 as empresas poderão concluir que o objetivo para fazer
frente à concorrência não é investir desmesuradamente, mas antes
ultrapassá-la de forma sustentável usando o talento dos trabalhadores
quando e onde for mais necessário. E para tal há que antecipar mudanças
e construir respostas de forma atempada. Sempre em cooperação: o futuro
está nas relações. Mesmo que sejam digitais.
Quer saber se está pronto para enfrentar o futuro? A Success Factors – uma empresa que gestão de recursos humanos – preparou um teste para descobrir se está preparado para fazer parte da chamada Workforce 2020. Clique no link e descubra.
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Este texto foi elaborado com Marta Leite Ferreira.
Reportagem por
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