sexta-feira, 14 de maio de 2010

Crise mundial

Juremir Machado da Silva*
“A Europa é bipolar. Ora elege os conservadores como punição aos social-democratas, ora elege os social-democratas como punição aos conservadores. A política europeia, na impossibilidade das boas guerras de antigamente, é simples, uma interminável rotina pontuada por algumas manifestações violentas, centenas de carros queimados, bombas de gás lacrimogêneo jogadas epicamente, prisões espetaculares, discursos inflamados e recuos estratégicos dos governantes. Na Europa como aqui, a direita sonha em eliminar certos direitos sociais, mas quem acaba por jogá-los no lixo é a esquerda, sempre mais radical. (...)

“Os conservadores do mundo inteiro “secam” a Europa. Afinal, ela dá mau exemplo com suas políticas de proteção a homens, mulheres, casais com filhos, estudantes, idosos, minorias e por aí afora. Os europeus são considerados chatos, especialmente os franceses, com suas manias de “exceção cultural”, papel do estado, vinho, queijos e tradições. Toda crise do modelo europeu é vista com algum entusiasmo pelos liberais mais extremados. Se os Estados Unidos não estivessem com as barbas de molho, os pratos quebrados da Grécia e as patacoadas da Espanha, estariam dando ainda mais o que falar. No momento, estão todos no mesmo saco, um saco sem fundos disponíveis.”
_____________________________
*Juremir nasceu em Santana do Livramento, Rio Grande do Sul, em 29 de janeiro de 1962. Morou na França e na Alemanha. Graduou-se em Jornalismo e em História na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em 1984; especializou-se em Estilos Jornalísticos na mesma Universidade, em 1986. Obteve o título de Mestre em Sociologia da Cultura na Université de Paris V (René Descartes), em 1992, com a dissertação Les médias et le mythe de l'avenir au Brésil. Cursou Doutorado em Sociologia da Cultura na Université Paris V, 1995, com a tese Les anges de la perdition: futur et présent dans la culture brésilienne; realizou o Pós-doutorado na mesma Universidade, em 1998. - Colunista do jornal CORREIO DO POVO/RS.
Excerto da crônica de JUREMIR MACHADO DA SILVA
Fonte: Correio do Povo, 14/05/2010 – pg.4)

Nenhum comentário:

Postar um comentário