domingo, 14 de dezembro de 2014

Jim Tucker, médico americano: ‘Há indícios de que memórias sobrevivem ao corpo’


 Jim Tucker, médico americano Foto: Leo Martins
 Jim Tucker, médico americano - Leo Martins

Ele veio ao Brasil para falar sobre a pesquisa científica de vidas passadas na Sociedade de Estudos Espiritualistas do Rio de Janeiro

“Formado em psicologia, nunca havia considerado seriamente a ideia de reencarnação até conhecer o trabalho pioneiro do Dr. Ian Stevenson. Como pesquisador da Divisão de Estudos da Percepção da Universidade de Virginia, dou prosseguimento aos estudos dele, entrevistando crianças que relatam memórias de vidas passadas.”

Conte algo que eu não sei.
No mundo todo, há crianças que relatam memórias sobre vidas passadas. E isso acontece não apenas em culturas que acreditam em reencarnação, mas também nos Estados Unidos, em famílias sem nenhuma crença desse tipo. Em geral, começa com a criança tendo pesadelos, dizendo que quer voltar para casa. Muitas dão detalhes sobre essas vidas, onde viveram, no que trabalharam, como morreram...

Como saber se a criança não está apenas imaginando coisas?
Nos últimos 15 anos, temos estudado mais de 25 mil dessas crianças na Universidade da Virginia. O objetivo é verificar se o que elas descrevem bate com detalhes de pessoas já falecidas. Quando a criança não dá detalhes específicos, fica impossível verificar. E aí, claro, podemos presumir que ela esteja apenas inventando. Mas, em outros casos, as informações se encaixam perfeitamente.

Pode dar um exemplo.
Nos EUA, o caso do garoto James Leininger chamou a atenção. Quando ele completou dois anos de idade, começou a ter pesadelos com um avião caindo. Um dia, ele disse aos seus pais que tinha sido um piloto, e que seu avião fora abatido pelos japoneses em Iwo Jima...

Ele falou especificamente em Iwo Jima?
Ele viu a ilha em um livro e disse que ali era o lugar onde tinha sido abatido. Seu relato dava todos os detalhes do acidente, inclusive o nome de um barco, Natoma, sobrevoado por seu avião. Ele também deu o nome de uma pessoa que estava com ele, Jack Larsen. No fim descobriu-se que, de fato, havia um porta-aviões na Segunda Guerra, envolvido em Iwo Jima, e que se chamava Natoma Bay. Apenas um piloto morreu na operação, James Huston; seu avião foi abatido pelos japoneses exatamente do jeito que Leininger contou. Depois, descobrimos que Jack Larsen era o piloto do avião seguinte ao dele.

O garoto não poderia ter ouvido essa história em algum lugar?
É uma história muito obscura, ocorrida há quase 60 anos. E James Huston vivia a milhares de quilômetros da família do garoto.

Como é a vida dessas crianças?
É um desafio emocional, para elas e para os seus pais. Em alguns casos, as crianças choram diariamente. Mas as até os sete anos de idade as lembranças de outras vidas desparecem e elas acabam focando apenas nessa vida. Fizemos testes psicológicos com algumas crianças, e todas eram normais, apenas um pouco mais inteligentes e verbais do que a média.

O que a sua pesquisa prova?
Para nós, a questão é documentar evidências de que a criança teve conexão com uma vida passada. Não há como comprovar que se trata de reencarnação. Até porque reencarnação não é a única hipótese.

O que mais poderia ser?
Os relatos podem ser uma evidência de que as crianças têm um tipo de conexão psíquica, e não de que tiveram vidas passadas.

Estudar esses casos mudou sua percepção sobre a vida e a morte?
Fiquei mais convencido de que não existe apenas o mundo físico. Existe também uma parte de consciência, que está ligada a esse mundo físico, mas também separada. Casos como esses trazem evidências que memórias e emoções podem sobreviver ao corpo, e que nossas mentes não são completamente dependentes do cérebro.

Tem um palpite para onde vai essa consciência depois que se separa do corpo?
Isso já é mais complicado. Vinte por cento das crianças falam de episódios ocorridos entre as duas vidas, e algumas delas falam sobre ficar passeando em volta da família anterior, podem inclusive descrever o seu póprio funeral. Mas também há crianças que falam em ir para outros mundos, outros quartos. Algumas crianças americanasusam a palavra “Paraíso”. Como saber?
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Fonte: Jornal o globo online, 14/12/2014

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