Jim Tucker, médico americano - Leo Martins
Ele veio ao Brasil para falar sobre a pesquisa científica de vidas passadas na Sociedade de Estudos Espiritualistas do Rio de Janeiro
“Formado
em psicologia, nunca havia considerado seriamente a ideia de reencarnação até
conhecer o trabalho pioneiro do Dr. Ian Stevenson. Como pesquisador da Divisão
de Estudos da Percepção da Universidade de Virginia, dou prosseguimento aos
estudos dele, entrevistando crianças que relatam memórias de vidas passadas.”
Conte
algo que eu não sei.
No
mundo todo, há crianças que relatam memórias sobre vidas passadas. E isso
acontece não apenas em culturas que acreditam em reencarnação, mas também nos
Estados Unidos, em famílias sem nenhuma crença desse tipo. Em geral, começa com
a criança tendo pesadelos, dizendo que quer voltar para casa. Muitas dão
detalhes sobre essas vidas, onde viveram, no que trabalharam, como morreram...
Como
saber se a criança não está apenas imaginando coisas?
Nos
últimos 15 anos, temos estudado mais de 25 mil dessas crianças na Universidade
da Virginia. O objetivo é verificar se o que elas descrevem bate com detalhes
de pessoas já falecidas. Quando a criança não dá detalhes específicos, fica
impossível verificar. E aí, claro, podemos presumir que ela esteja apenas
inventando. Mas, em outros casos, as informações se encaixam perfeitamente.
Pode
dar um exemplo.
Nos
EUA, o caso do garoto James Leininger chamou a atenção. Quando ele completou
dois anos de idade, começou a ter pesadelos com um avião caindo. Um dia, ele
disse aos seus pais que tinha sido um piloto, e que seu avião fora abatido
pelos japoneses em Iwo Jima...
Ele
falou especificamente em Iwo Jima?
Ele
viu a ilha em um livro e disse que ali era o lugar onde tinha sido abatido. Seu
relato dava todos os detalhes do acidente, inclusive o nome de um barco,
Natoma, sobrevoado por seu avião. Ele também deu o nome de uma pessoa que
estava com ele, Jack Larsen. No fim descobriu-se que, de fato, havia um
porta-aviões na Segunda Guerra, envolvido em Iwo Jima, e que se chamava Natoma
Bay. Apenas um piloto morreu na operação, James Huston; seu avião foi abatido
pelos japoneses exatamente do jeito que Leininger contou. Depois, descobrimos
que Jack Larsen era o piloto do avião seguinte ao dele.
O
garoto não poderia ter ouvido essa história em algum lugar?
É
uma história muito obscura, ocorrida há quase 60 anos. E James Huston vivia a
milhares de quilômetros da família do garoto.
Como
é a vida dessas crianças?
É
um desafio emocional, para elas e para os seus pais. Em alguns casos, as crianças
choram diariamente. Mas as até os sete anos de idade as lembranças de outras
vidas desparecem e elas acabam focando apenas nessa vida. Fizemos testes
psicológicos com algumas crianças, e todas eram normais, apenas um pouco mais
inteligentes e verbais do que a média.
O
que a sua pesquisa prova?
Para
nós, a questão é documentar evidências de que a criança teve conexão com uma
vida passada. Não há como comprovar que se trata de reencarnação. Até porque
reencarnação não é a única hipótese.
O
que mais poderia ser?
Os
relatos podem ser uma evidência de que as crianças têm um tipo de conexão
psíquica, e não de que tiveram vidas passadas.
Estudar
esses casos mudou sua percepção sobre a vida e a morte?
Fiquei
mais convencido de que não existe apenas o mundo físico. Existe também uma
parte de consciência, que está ligada a esse mundo físico, mas também separada.
Casos como esses trazem evidências que memórias e emoções podem sobreviver ao
corpo, e que nossas mentes não são completamente dependentes do cérebro.
Tem
um palpite para onde vai essa consciência depois que se separa do corpo?
Isso
já é mais complicado. Vinte por cento das crianças falam de episódios ocorridos
entre as duas vidas, e algumas delas falam sobre ficar passeando em volta da
família anterior, podem inclusive descrever o seu póprio funeral. Mas também há
crianças que falam em ir para outros mundos, outros quartos. Algumas crianças
americanasusam a palavra “Paraíso”. Como saber?
---------
Fonte: Jornal o globo online, 14/12/2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário