A palestra de Michel Houellebecq no ciclo Fronteiras do Pensamento provocou polêmica. O autor de Extensão do domínio da luta, Partículas elementares, A possibilidade de uma ilha, O mapa e o território e Submissão
detonou de Jean-Paul Sartre e Albert Camus a Jacques Lacan, Gilles
Deleuze, Jacques Derrida e Michel Foucault. Disparou também contra os
anglo-saxões.
O Caderno de Sábado não poderia deixar de fornecer aos
leitores um robusto fragmento da fala de Houellebecq. A cultura é sempre
um campo de conflito de ideias. Uma visão do mundo.
Os intelectuais franceses no começo do século XXI
Michel Houellebecq
Gostaria de dedicar esta noite à memória de Maurice Dantec, que
faleceu, no final de junho, em Montreal. Para abordar o assunto que
consta no título, diante de vocês, é preciso supor duas coisas: que na
América do Sul vocês são bondosos a ponto de prestar atenção no que
ocorre no plano intelectual na Europa, especialmente na França, e que
sou um interlocutor autorizado a falar dos intelectuais franceses. Sobre
o primeiro ponto, se for o caso, a indulgência de vocês, ou a cegueira,
é grande, pois a França, do ponto de vista intelectual, a crermos na
mídia anglo-saxã, já não é grande coisa. O tema da decadência da França é
um assunto recorrentemente requentado.
Fiz um levantamento: o romance francês está em decadência; a arte
francesa não interessa mais ninguém; a cozinha francesa não é mais a
mesma; os vinhos franceses são supervalorizados. O mais frequente é: os
intelectuais franceses não produzem mais nada de bom e não estão altura
dos seus gloriosos antecessores. Um exemplo disso saiu no Guardian
de 15 de junho de 2015 com a assinatura de Sudhir Hazareesingh e este
título: “Da Rive Gauche à deriva: onde foram parar os grandes pensadores
franceses?” Um fragmento desse artigo: “A filosofia francesa, que
ensinou ao mundo a importância da razão com doutrinas ousadas como o
racionalismo, o republicanismo, o feminismo, o positivismo, o
existencialismo ou o estruturalismo, não tem hoje grande coisa a
oferecer. A representação da França como um país esgotado e alienado,
corrompido pela herança igualitária de maio de 68, incapaz de dar conta
dos imigrantes muçulmanos e de defender seus valores, é um tema
corriqueiro entre os conservadores franceses. Nos livros mais vendidos
aparecem A identidade infeliz (2013), de Alain Finkielkraut, e O suicídio francês
(2014), de Eric Zemmour. Essa sensibilidade mórbida, sem equivalente na
Grã-Bretanha, apesar das dificuldades econômicas recentes), contamina a
literatura francesa atual, como em O mapa e o território (2010), de Michel Houellebecq.
Duas observações: não se pode dizer que a herança de maio de 68 seja
“igualitária”. É mais preciso classificá-la como “libertária”. É curioso
que meu livro citado seja O mapa e o território e não Submissão, lançado seis meses antes da publicação desse artigo no Guardian
e muito mais representativo dessa “sensibilidade mórbida”. Ressalvas
mais importantes: não há qualquer garantia de que a Grã-Bretanha se saia
melhor com os imigrantes muçulmanos. Já muito se falou sobre as
diferenças entre o modelo inglês, que reconhece a existência das
comunidades e das suas particularidades religiosas, e o francês,
republicano e integracionista, que as rejeita. Constata-se na
Grã-Bretanha um número equivalente aos da França de jovens, originários
da imigração, mas nem sempre, que vão aderir à Jihad na Síria ou
participam de atentados em seus países. O mesmo se dá na Alemanha, na
Bélgica e em muitos outros países. Seja qual for o modelo adotado, o
resultado parece ser sempre o mesmo.
Direita e esquerda na mídia
Por outro lado, os intelectuais franceses são umas nulidades,
admitamos, mas será que existem intelectuais anglo-saxões notáveis,
faróis do pensamento? Quais? Pergunto sem segundas intenções, pois, se
eles existem, eu não os conheço. Eu estou autorizado a falar dos
intelectuais franceses? No artigo do Guardian não sou
considerado exatamente como um intelectual. Sou citado ao lado. Isso
acontece comigo na França e no estrangeiro, o que é bastante curioso em
se tratando de alguém que se tornou conhecido por seus romances. O ponto
mais importante é este: o autor critica a decadência dos intelectuais
franceses, mas a maneira pela qual eles revelam essa decadência consiste
na afirmação de que a França está em decadência. Se afirmassem que tudo
está bem e passassem uma mensagem otimista, deveriam ser vistos como
intelectuais brilhantes? No fundo, eles não são criticados pela sua
mediocridade, mas por serem pessimista e não serem mais de esquerda. Ser
brilhante, otimista e de esquerda parece a mesma coisa. Na mídia, mesmo
na francesa, dissemina-se a ideia de que os intelectuais franceses
viraram à direita, que teria vencido a “batalha das ideias”. A direita é
agora dominante na mídia?
Uma análise objetiva mostra uma enorme mentira. Nada mudou na relação
de forças entre esquerda e direita na mídia. A esquerda conserva, desde
1945, a sua posição de dominação. A única diferença é que
personalidades consideradas de direita – como eu e o ensaísta Eric
Zemmour – alcançaram sucesso na venda de livros apesar da hostilidade da
mídia hegemônica. Mudou a relação de forças no “quarto poder” (trata-se
de um poder tanto quanto os demais)? A resposta é não. Nos últimos 20
anos, ao contrário, surgiu um fenômeno surpreendente na mídia, inclusive
no diário de referência Le Monde, órgão central do “politicamente correto, um “novo progressismo”.
"O romance francês está em decadência;
a arte francesa não interessa a mais ninguém;
a cozinha francesa não é mais a mesma;
os vinhos franceses são supervalorizados.
Os intelectuais franceses não produzem mais nada de bom
e não estão à altura dos seus gloriosos antecessores."
- Michel Houellebecq -
Até uns 20 anos atrás, os proletários, os trabalhadores, os pobres,
gozavam de respeitabilidade na mídia das elites. Eram vistos como
interessantes e mereciam consideração graças à influência do partido
comunista. Depois de 1968, aos poucos, houve uma diluição. O golpe fatal
veio em 1974 com O Arquipélago Gulag, de Soljenitsin. Eis um
livro que realmente mudou o mundo. Sobreveio uma verdadeira revolta das
elites contra o povo. A palavra populismo passou a designar as
inconfiáveis opiniões populares. Ganhou corpo a ideia de que o sufrágio
universal poderia resultar em grandes aberrações e não ser panaceia. Em
2005, uma fronteira foi ultrapassada. O referendo sobre o tratado
europeu de Lisboa recebeu um estrondoso “Não”. Mesmo assim, contrariando
a maioria da população, o tratado foi adotado pelo parlamento numa
negação frontal da democracia. A linguagem das elites para falar do povo
tornou-se insultuosa. Adjetivos como “abjeto” e “nauseabundo” passaram a
qualificar as ideias populistas e, principalmente, as ideias hostis ao
“novo progressismo”. O povo cheiraria mal para as elites. Impossível ser
mais explícito.
Recentemente, os adjetivos usados para qualificar os favoráveis à
saída da União Europeia no plebiscito da Grã-Bretanha foram extremamente
violentos. Velhos, pobres, desinformados e estúpidos. Propôs-se refazer
o plebiscito pois o povo teria votado mal. Foi o que aconteceu, em
2005, na Irlanda, quando da rejeição do tratado de Lisboa. O termo
incompreensão é fraco demais para caracterizar a relação entre elite e
povo. A palavra certa é ódio. O mesmo ódio que marca a minha relação com
a mídia francesa. O chamado “debate público” não passa de uma caça às
bruxas. Não se respeita mais nem a morte de alguém. Em 2005, quando
Guillaume Dustan morreu, os militantes de Act Up não hesitaram em
destilar nos jornais do dia seguinte o ódio que sentiam por ele. O mesmo
aconteceu agora com Maurice Dantec. Comigo será pior. Muitos
jornalistas franceses ficarão felizes com a minha morte. De minha parte,
não perco a esperança de ver a quebra de certos jornais, embora isso
seja difícil, pois a imprensa francesa é injustificadamente financiada
pelo Estado. Mas não é impossível na medida em que os jornais não param
de perder leitores. A coisa se complicou depois da chegada ao poder de
François Hollande. A violência aumentou em função de um fenômeno novo:
intelectuais como Alain Finkielkaut e Michel Onfray abandonaram o campo
das elites para se aproximar do povo.
Foram imediatamente jogados pela mídia dos “novos progressistas” no
campo dos populistas abjetos, onde encontraram Eric Zemmour e onde eu
lhes visitava ocasionalmente. Há um ou dois anos algo inusitado
aconteceu: esquerdistas, inclusive um ministro, declaram que as ideias
de Eric Zemmour não deveriam receber espaço de divulgação. A mídia
privada obedeceu ao poder. Ele perdeu seu programa na iTevê. Um ataque
assim à liberdade de expressão não se via desde épocas longínquas. Mesmo
se gente de esquerda protestou, Zemmour não voltou ao posto. Somente
uma situação de pânico, como animais acuados, pode explicar essa atitude
da esquerda no poder.
É verdade que os intelectuais franceses viraram à direita,
tornando-se conservadores ou reacionários? Alain Finkielkraut costuma
lembrar que votou em François Mitterrand e se recusa atualmente a apoiar
qualquer político ou partido. Michel Onfray continua a se dizer de
esquerda, acrescentando que a esquerda atual não corresponde à sua
visão, nem sob a forma que está no poder nem sob a forma dos partidos de
extrema-esquerda que lhe fazem oposição. Eric Zemmour nunca teve
qualquer simpatia pela esquerda. Mas não apoia qualquer partido nem diz
em quem ele vota. De minha parte, sempre digo que defendo a democracia
direta e que não voto em ninguém. O que sobra da guinada à direita? É
mais correto dizer que os intelectuais franceses abandonaram a esquerda
sem aderir à direita. Voltaram a ser livres.
Ao final da Segunda Guerra Mundial os intelectuais de direita estavam
completamente desacreditados. Uma parte deles, no entanto, não foi
colaboracionista. O patriotismo era forte. O horror ao nazismo, porém,
não permitiu nuanças. O poder intelectual caiu nas mãos da esquerda.
Retomemos a afirmação do Guardian sobre o declínio dos
intelectuais franceses. Para ter decadência, precisamos saber quem veio
antes. A partir de agora emitirei apenas opiniões pessoais. Logo depois
da guerra Sartre e Camus estiveram no alto do pódio. Ganharam o Nobel e
qualquer posicionamento que adotassem repercutia. Foram autênticos
gurus. Eles se viam como “filósofos”. O que restou da filosofia de
Sartre e de Camus? Para ser sincero: quase nada.
De Sartre e Camus aos “novos reacionários”
Um filósofo, na acepção clássica do termo, à qual eu continuo fiel,
produz um discurso capaz de englobar o mundo, integrando a totalidade
dos conhecimentos adquiridos pelos homens, especialmente os
conhecimentos científicos. É indesculpável à quase total ignorância
científica de Sartre e de Camus. O século XX, como o XIX, foi
cientificamente brilhante. Tivemos, entre outras descobertas, a teoria
da relatividade, a teoria dos quanta, a descoberta do código genético.
Que rastro desses acontecimentos maiores encontramos nas obras de Sartre
e Camus? Absolutamente nenhum. Para eles é como se nada disso
existisse. Dá a impressão de que não estão a par.
Ninguém, na minha opinião, pode se pretender filósofo – não se trata
de ser especialista – sem uma compreensão geral, clara e coerente do
conhecimento humano acumulado. Sem isso, não se é mais do que charlatão e
impostor. Tão medíocre quanto Camus no plano intelectual, Sartre tem
aspectos mais repugnantes. Choca a sua falta de empatia literária. O seu
livro sobre Baudelaire é uma asneira monumental, maldosa e de mau
gosto. Choca também o ódio que ele tem de si mesmo. Ele era mesmo
detestável. Conseguiu afetar seus leitores com o desgosto pelo Ocidente,
essa espécie de masoquismo auto-acusador que marca nossas relações com
as ex-colônias. Sartre foi o real inventor do racismo anti-branco. Esse
fenômeno catastrófico, de consequências desastrosas bem analisadas por
Pascal Brückner, tem uma origem quase mesquinha: o desgosto que Sartre
sentia por si mesmo.
Depois de Sartre e Camus segue um período confuso, na esteira de maio
de 68, marcado pela influência de pensadores diversos como Derrida,
Deleuze, Lacan e Foucault. Ao contrário dos seus predecessores, eles se
esforçam para dissimular a ignorância científica que os liga através do
uso de fórmulas misteriosas e vazias, uma verborragia elegíaca e
pseudopoética. O que eles escreveram, com estilos diferentes, do meu
ponto de vista, tem um ponto em comum, o fato de que eu nunca fui capaz
de neles achar algum sentido. De tanto ler páginas e páginas sem achar
sentido a gente acaba por achar que não há sentido mesmo e que os seus
autores não passam de charlatães e de enganadores. Foi a minha
conclusão. Por razões que ignoro, esses autores fizeram sucesso em
universidades americanas. É por isso que não concordo com a opinião da
mídia anglo-saxã sobre a decadência dos intelectuais franceses. Não
tenho qualquer admiração pelos autores da French Teory que eles veneram.
Esses autores, que se tornaram conhecidos nos anos 1960 e 1970,
tinham um ponto em comum: supostamente eram de esquerda. Não se
conseguia imaginar na época um intelectual que não fosse de esquerda.
Depois do Arquipélago Gulag as coisas começar a rachar. Em 1999, Guy Scarpetta publicou um artigo na Art Press
intitulado “Os novos reacionários”. Mas o que provocou mesmo polêmica
foi um livrinho de pouco mais de 70 páginas lançado em 2002 por Daniel
Lindenberg: “Chamado à ordem – investigação sobre os novos
reacionários”. Esse livro, reeditado no começo de 2016 com um posfácio.
Pela primeira vez é possível ser reacionário, não por ser de direita,
mas por ser demasiadamente de esquerda. Um comunista, ou quem recusa as
leis dos mercado como fim último, é um reacionário. Um soberanista, ou
qualquer pessoa contrária à diluição da França no espaço federal
europeu, é um reacionário. Quem defende o uso da língua francesa na
França, a língua nacional em cada país ou a utilização universal do
inglês, é um reacionário. Quem desconfia da democracia parlamentar e do
sistema partidário, desejando dar mais voz à população, é um
reacionário. Quem não é apaixonado por internet e por smartphones, é um
reacionário. Quem tem pouco simpatia pelo lazer de massa e pelo turismo
organizado, é um reacionário. Para o novo progressismo de Lindenberg não
é a natureza da inovação que conta, mas o seu caráter inovador.
Viveríamos numa época superior a todas as anteriores. Lindenberg diz que
os acusados protestaram.
Foi o contrário. Finkielkraut gostou de ser colocado ao lado de
autores cujos textos ele admirava. Philippe Muray vibrou com a
possibilidade de aumentar por contágio a venda dos seus livros. Eu
fiquei contente de estar ao lado de intelectuais que não tinha lido, mas
com grande reputação de seriedade, como Marcel Gauchet ou Pierre
Manent. Em resumo, ser chamado de reacionário não assustava mais
ninguém. A esquerda havia perdido o seu poder de intimidação. Era uma
verdadeira novidade.
A mediocridade de Sartre, Camus e da French Theory
Alguns dos citados não eram propriamente intelectuais: Maurice
Dantec, Philippe Muray e eu. Muray e Dantec merecem ter suas ideias mais
bem conhecidas do que as de muitos dito intelectuais, inclusive do que
as minhas. Não sou modesto. Sei o que valho como autor. Um intelectual
na França é alguém que estudou muito, fez a Escola Normal Superior ou,
ao menos, realizou estudos no campo da literatura e das ciências
humanas. Publica e dirige coleção de ensaios numa editora importante,
tem cargo de destaque nalguma revista de debates intelectuais. Além de
publicar nos espaços de opinião dos jornais. Nem Dantec, nem Muray, nem
eu preenchemos esses requisitos. Eu sou considerado como um profeta. Submissão saiu no dia dos atentados a Charlie Hebdo. Saiu uma entrevista minha no New York Times
em 11 de setembro de 2001. O jornalista provavelmente achou que eu
estava exagerando sobre o perigo islâmico. O que eu profetizei
exatamente?
"As vacas sagradas estão
mortas.
O primeiro a desaparecer foi Marx.
Muito tempo depois, Freud foi
encontrá-lo na tumba.
Nietzsche ainda não foi, mas tenho esperança
de
que isso não demore muito para acontecer."
- Michel Houellebecq -
O advento do trans-humanismo. Depois, em Submissão, a tomada
de poder no Ocidente por um islamismo moderado. Maurice Dantec
profetizou sobre a hibridização mental entre homem e máquina. E sobre o
surgimento da Jihad. O que lhe permitiu fazer isso? Ter ido à Bósnia
durante a guerra. Os novos tempos anunciados por Phillipe Muray são os
do retorno do matriarcado sob uma nova forma, estatal. Os cidadãos são
mantidos num estado de infância perpetua. O primeiro inimigo a tentar
eliminar nossa sociedade ocidental é idade viril.
Resta falar sobre o título desta intervenção. Estamos saindo de um
período estranho, que durou uns bons 20 anos, no qual as ideias mais
interessantes publicadas na França não o foram por intelectuais
“profissionais”, mas por escritores. Sartre e Camus se viam como
filósofos, mas eles também escreviam romances e até peças de teatro. É
impressionante hoje reler as peças de Sartre Camus. Quanta mediocridade.
Como alguém pôde querer montar tamanhas bobagens? De Camus só restarão
as primeiras frases de O Estrangeiro. Sobretudo a primeira. De
Sartre, nada. Justo uma leve mistura de pavor e repulsão à ideia de que
um tal ser tenha podido existir. A geração seguinte, a da French Theory,
descobriu uma astúcia para dissimular sua falta de pensamento: os
prodígios e mistérios da poesia. Que se pode reter das obras de
Foucault, Derrida, Lacan e Deleuze? Absolutamente nada salvo palavras,
misteriosas palavras sem significado preciso, dando uma ilusão de
profundidade. Lacan chegou a decorar seus textos com fórmulas
matemáticas incompreensíveis. Há certa capacidade de evocação no que ele
escreveu, uma aura de mistério, sem conteúdo.
Hoje, graças a escritores como Muray e Dantec, os intelectuais
franceses experimentam uma nova situação: estão livres. Foram liberados
dos grilhões da esquerda. Livres por não sofrerem mais o fascínio pelos
encantamentos, como acontecia com as gerações anteriores, exercidos
pelos grandes pensadores do século anterior. As vacas sagradas estão
mortas. O primeiro a desaparecer foi Marx. Muito tempo depois, Freud foi
encontrá-lo na tumba. Nietzsche ainda não foi, mas tenho esperança de
que isso não demore muito para acontecer.
A França é um velho país. Setenta anos, mesmo cem, de avacalhamento
intelectual, para um país como a França, não é insuperável. Termino, não
apenas para fechar com um tom otimista, mas por crer de fato. Eu creio
no futuro do pensamento francês.
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Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/2016/11/9284/caderno-de-sabado-a-fala-bomba-de-michel-houellebecq/
Impresso: Correio do Povo - Caderno de Sábado, 19 de novembro de 2016, pg. 4 e 5
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