João
Gomes Mariante*
O
clima político nacional está envolto em nova tempestade. Ainda continua
fervendo e causticando a nossa atenção o malfadado caso Eduardo Cunha (PMDB).
Surge, de inopino, outro, o da "varredura" no Senado e o da ação da
Polícia Federal, efetivando às ocultas e, lembrando o simbolismo do Cavalo de
Troia. O exercício do uso de aparelhagem de escuta remonta já há algum tempo,
em especial, àqueles assinalados por ditaduras, daqui e de além mar. Com
veemência e irresponsável desembaraço, Renan Calheiros (PMDB), presidente do
Senado, cognominou um magistrado que autorizou a Polícia Federal à
"varredura", de "juizeco".
O
magistrado é o juiz Wallisley de Souza Oliveira. É autor de vários livros e
professor universitário, e ex-colaborador do Conselho Nacional de Justiça,
reconhecido, não só por seus méritos, mas por sua firmeza de propósitos e
decisões, no que tange ao seu ofício. Pelo que se sabe, o objetivo precípuo,
que levou o senador Renan Calheiros a entrar em choque com o Senado, foi a
realização da "Operação Métis", que prendeu quatro policiais que lá
faziam a "varredura", fato esse que se questiona o aspecto legal.
Getulio Vargas, na intimidade, quando desejava prevenir alguém, proferia o
provérbio: "Cuidado com os que trajam vestido: padre, juiz e mulher".
O senador Renan Calheiros, ao cutucar com vara curta, na pessoa da presidente
do STF, a ministra Cármen Lúcia, símbolo do triângulo citado, injuriou a
Justiça e, de certa forma, atacou uma mulher com as características piedosas de
uma irmã de caridade. Em tais condições, o que ela diz poderá ser canonizado. O
senador, cutucou temerária abelheira, sem contemplar as consequências, das ferroadas
que estão por vir. O "afã" que está em jogo atinge em cheio a
magistratura e a presidência do Senado.
As
consequências são atemorizantes! Vemos pairando no ar a arrogância de poderes
discricionários, uma avacalhação da Justiça e uma coalizão entre o agravo e a
injúria, condição inexequível – de estancar esse “tsunami” que leva de roldão o
pouco que ainda resta da consciência cívica nacional.
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* Jornalista e psicanalista.
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Fonte: http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2016/11/opiniao/531141-padre-juiz-e-mulher.html Impresso: Jornal do Comércio/Poa, 14 e 15 de
novembro de 2016, pág. 4 . Imagem da Internet
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