Frei Betto*
Nero pôs fogo em Roma; Hitler na Europa; e pode ser que Trump venha a
incendiar o mundo. Não sou fã de Hillary, mas a considero menos pior.
Por conhecer bem os dois candidatos é que quase metade do eleitorado dos
EUA se absteve.
Como desmiolado, predador sexual, racista e xenóbofo, tudo se pode esperar de um biliardário, dono de cassino, que jamais ocupou qualquer função política. Até que não cumpra suas ameaças de campanha, como a de construir um muro na fronteira de seu país com o México, como se isso fosse evitar a entrada de novos imigrantes.
O fato é que os pobres votaram em Trump. Porque Obama não cumpriu quase nenhuma de suas promessas. E por que imigrantes latinos que vivem nos EUA deram preferência a ele? Porque muitos votam de olho no próprio umbigo. Temem que a chegada de novos estrangeiros possa roubar-lhes os postos de trabalho.
Em 2017, Trump vai dispor de um orçamento de US$ 583 bilhões para despesas militares. O suficiente para erradicar a fome no mundo e resolver o drama dos refugiados que aportam na Europa. Mas com certeza o novo presidente estadunidense não está preocupado com os males que afetam os pobres do mundo. Como declarou ao vencer, quer dobrar o PIB dos EUA. E, na campanha, incluiu entre seus arroubos xenófobos a promessa de que fará as tropas de seu país abandonarem os conflitos externos. Esta seria uma boa medida.
Os EUA possuem uma tropa de 1 milhão e 492 mil homens e mulheres, e mais 1 milhão de reservistas prontos a uma eventual convocação. A soma de seus drones, navios de guerra, porta-aviões, tanques, blindados, canhões e mísseis (7 mil ogivas nucleares) supera o conjunto de arsenais das outras quatro maiores potências militares: China, Reino Unido, França e Rússia.
A esperança dos eleitores de Trump é que ele aplique mais recursos no combate ao desemprego, nos serviços de saúde e reaqueça a economia interna. Pode ser que, num gesto de lucidez, ele reduza o orçamento militar para tentar passar à história como o presidente que tirou os EUA da recessão. Hoje, a classe média estadunidense tem renda muito inferior à que tinha na década de 1980.
Felizmente, Tio Sam não é dono do mundo. Há um equilíbrio que o obriga a levar em conta a China e a Rússia. Dizem que Trump e Putin se entendem... O fato é que o magnata-presidente já elogiou o controle que Putin tem sobre a Rússia. E deu a entender que os EUA não têm nenhuma obrigação de defender incondicionalmente seus aliados na Otan. O que soa como música aos ouvidos de Putin.
Ainda bem que, em meio a tantos interesses em jogo, há quem ainda raciocine, não por interesses, mas a partir de princípios, como o papa Francisco. Ele é, hoje, o único líder mundial capaz de aglutinar homens e mulheres que buscam a paz como fruto da justiça e um mundo menos desigual e injusto.
A vitória de Trump me faz lembrar que Hitler também não chegou ao poder por golpe de Estado, como Temer, para citar um exemplo recente. Foi democraticamente eleito pelo povo alemão. E deu no que deu...
Enquanto o dinheiro presidir a democracia, esta será, na expressão ianque, apenas um pato manco.
Como desmiolado, predador sexual, racista e xenóbofo, tudo se pode esperar de um biliardário, dono de cassino, que jamais ocupou qualquer função política. Até que não cumpra suas ameaças de campanha, como a de construir um muro na fronteira de seu país com o México, como se isso fosse evitar a entrada de novos imigrantes.
O fato é que os pobres votaram em Trump. Porque Obama não cumpriu quase nenhuma de suas promessas. E por que imigrantes latinos que vivem nos EUA deram preferência a ele? Porque muitos votam de olho no próprio umbigo. Temem que a chegada de novos estrangeiros possa roubar-lhes os postos de trabalho.
Em 2017, Trump vai dispor de um orçamento de US$ 583 bilhões para despesas militares. O suficiente para erradicar a fome no mundo e resolver o drama dos refugiados que aportam na Europa. Mas com certeza o novo presidente estadunidense não está preocupado com os males que afetam os pobres do mundo. Como declarou ao vencer, quer dobrar o PIB dos EUA. E, na campanha, incluiu entre seus arroubos xenófobos a promessa de que fará as tropas de seu país abandonarem os conflitos externos. Esta seria uma boa medida.
Os EUA possuem uma tropa de 1 milhão e 492 mil homens e mulheres, e mais 1 milhão de reservistas prontos a uma eventual convocação. A soma de seus drones, navios de guerra, porta-aviões, tanques, blindados, canhões e mísseis (7 mil ogivas nucleares) supera o conjunto de arsenais das outras quatro maiores potências militares: China, Reino Unido, França e Rússia.
A esperança dos eleitores de Trump é que ele aplique mais recursos no combate ao desemprego, nos serviços de saúde e reaqueça a economia interna. Pode ser que, num gesto de lucidez, ele reduza o orçamento militar para tentar passar à história como o presidente que tirou os EUA da recessão. Hoje, a classe média estadunidense tem renda muito inferior à que tinha na década de 1980.
Felizmente, Tio Sam não é dono do mundo. Há um equilíbrio que o obriga a levar em conta a China e a Rússia. Dizem que Trump e Putin se entendem... O fato é que o magnata-presidente já elogiou o controle que Putin tem sobre a Rússia. E deu a entender que os EUA não têm nenhuma obrigação de defender incondicionalmente seus aliados na Otan. O que soa como música aos ouvidos de Putin.
Ainda bem que, em meio a tantos interesses em jogo, há quem ainda raciocine, não por interesses, mas a partir de princípios, como o papa Francisco. Ele é, hoje, o único líder mundial capaz de aglutinar homens e mulheres que buscam a paz como fruto da justiça e um mundo menos desigual e injusto.
A vitória de Trump me faz lembrar que Hitler também não chegou ao poder por golpe de Estado, como Temer, para citar um exemplo recente. Foi democraticamente eleito pelo povo alemão. E deu no que deu...
Enquanto o dinheiro presidir a democracia, esta será, na expressão ianque, apenas um pato manco.
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* Frade Dominicano. Escritor.
Fonte: http://hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/frei-betto-1.334186/trump-perigo-%C3%A0-vista-1.426830
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