Christoph Strack*
Conversas informais
Nesta sala aconteciam as conversas mais informais com Lutero. Muitos visitantes faziam anotações, assegurando para a posteridade frases famosas de Lutero como: "Wer nicht liebt Wein, Weib und Gesang, der bleibt ein Narr sein Leben lang!" (Quem não ama o vinho, as mulheres e a música fica tolo por toda a vida!)
Em viagem à Suécia, pontífice tocou em dolorosas
feridas abertas do ecumenismo. Em celebração junto a protestantes, ele
falou de maneira direta, sem poesia teológica –
e isso traz esperança,
opina
A viagem para Lund, na Suécia, foi a viagem do papa Francisco ao ecumenismo. Ele partiu de Roma com destino a esse lugar importante para os luteranos,
no qual a Federação Luterana Mundial foi fundada em 1947. As imagens da
cordial saudação de paz entre o líder da Igreja Católica Romana e a
arcebispa Antje Jackelen permanecem como um símbolo de cristãos
separados que querem mais unidade.
Muitos já esperam há muito,
muito tempo. Outros já desistiram de esperar. Para para todos eles, as
palavras do papa servirão de incentivo. Porque, como já é conhecido, ele
fala muitas vezes como um pastor, e ele não soa como o pastor superior,
o guardião da doutrina. Agora, exorta ele, é a oportunidade de
"remediar um momento decisivo de nossa história, ao superamos
controvérsias e mal-entendidos".
Flashback: em setembro de 2011, o
papa Bento 16 visitou a terra de Lutero e discursou no Mosteiro dos
Agostinianos em Erfurt, na Alemanha. O papa alemão num antigo local da
Reforma Protestante. E Bento proferiu um termo que ocupou manchetes: sua
recusa às "ofertas ecumênicas". Tais palavras causaram decepção e
ficaram marcadas.
Isso mostra quão sábio foi o plano romano de
viajar à Federação Luterana Mundial, na Suécia, para o início do ano
comemorativo dos 500 anos da Reforma Protestante, e não para uma cidade
alemã – onde as expectativas teriam sido (ainda) mais altas.
Após
muitas contribuições do papa pode-se ter certeza de que ele conhece
Martinho Lutero e a importância deste para a Alemanha e a Europa. Ele
sabe da influência que Lutero teve sobre o idioma, a identidade e a
história alemães, assim como sobre a história dos conflitos europeus. Em
Lund, Francisco prestigiou o reformador Lutero e as afirmações do
pontífice sobre os luteranos foram além das de seus antecessores.
Assim,
o evento em Lund entra para a história – como uma celebração conjunta e
com a clareza de uma declaração assinada por ambas as partes. No texto,
vê-se a perspectiva de pastor tão importante e própria do papa.
"Sabemos da dor de todos aqueles que compartilham toda a sua vida, mas
não podem compartilhar da presença salvadora de Deus na eucaristia.
Reconhecemos nossa responsabilidade pastoral comum [...]. Desejamos que
essa ferida no corpo de Cristo seja curada. Esse é o objetivo de nossos
esforços ecumênicos."
Agora, teólogos terão de trabalhar os
detalhes. Provavelmente a luta durará um ano. O papa Francisco completa
80 anos de idade em dezembro próximo. Se ele optar por um novo
"engajamento no diálogo teológico", isso será importante para ele.
Talvez com isso a impaciência ecumênica volte a Roma.
Em meados
de outubro, cerca de mil protestantes e católicos foram da Alemanha a
Roma e se reuniram com o papa. O pontífice lhes fez uma pergunta: "Quem é
melhor, católicos ou protestantes?" E ele mesmo deu a resposta:
"Melhores somos todos juntos."
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* Christoph Strack é jornalista da DW
Fonte: http://www.dw.com/pt-br/opini%C3%A3o-papa-francisco-e-o-caminho-rumo-%C3%A0-unidade/a-36226962
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