Francisco Elias Barguil*
Atualmente, dentro das organizações, a maioria absoluta dos profissionais está focada na entrega. Tendo, assim, pouco tempo para planejar, inovar e medir os resultados de suas ações. Como reverter essa situação?
A inovação é o processo de desenvolver o uso prático de novas idéias. No cenário competitivo cada vez mais intenso em que estão inseridas as organizações, inovar não é uma escolha e sim condição básica de sobrevivência. Desta forma, para garantirem sua permanência no mercado, as organizações precisarão mais e mais estabelecer um compromisso estratégico com a inovação.
A boa notícia é que a inovação – e o processo de gestão da inovação – é uma capacidade que pode ser aprendida, e quanto mais cedo as organizações buscarem desenvolver essa capacidade, melhores serão seus resultados. É importante ressaltar, entretanto, que existem dois tipos fundamentais de inovação: as chamadas inovações radicais, que introduzem novas tecnologias que revolucionam o mercado e tornam obsoletos os produtos e serviços que as antecederam; e as inovações incrementais, que são aquelas que introduzem melhorias e aperfeiçoamentos a métodos e produtos já existentes.
Portanto, inovar é algo que também é realizado no dia-a-dia das organizações, e o aproveitamento das boas idéias que surgem continuamente é muito mais uma questão de cultura organizacional.
É muito difícil implantar a cultura de inovação dentro das empresas?
Qualquer mudança cultural dentro de uma organização exige planejamento, esforço, persistência e ações consistentes e alinhadas com esse objetivo. Por isso mesmo, a implantação de uma cultura de inovação exige o envolvimento da alta direção da organização, que deve sinalizar com clareza para toda a comunidade organizacional seu compromisso com esse processo.
A experiência tem mostrado que os processos de implantação mais bem sucedidos são aqueles em que existe um alinhamento estratégico das ações da organização para atingir essa meta, incluindo-se aí a redefinição dos sistemas de premiação e a criação de indicadores simples que mostrem o quanto a organização está indo na direção certa.
Existem momentos ideais para inovar?
A inovação não pode ser encarada como uma atividade pontual, mas como um processo de gestão que faça parte das atividades operacionais da organização. O que pode variar em alguns momentos é o cenário competitivo em que a organização está inserida, aumentando a prioridade – e a conseqüente alocação de recursos – de projetos específicos de inovação, seja em função de se detectar uma oportunidade especial a ser explorada ou de se estar em desvantagem em relação à concorrência.
Quando optar em inovar e quando escolher apenas em executar a atividade?
Um dos elementos fundamentais para a introdução da cultura de inovação dentro de uma organização é o estabelecimento de um processo de gestão de inovação que possibilite a avaliação criteriosa de todas as idéias surgidas dentro da comunidade organizacional. Muitas dessas ideias surgirão naturalmente a partir da execução das atividades rotineiras, seja quando alguém percebe uma maneira melhor de se realizar uma determinada tarefa ou quando um cliente apresenta uma sugestão ou manifesta uma necessidade que pode representar uma oportunidade latente.
De qualquer forma, um dos maiores desafios para qualquer organização é conseguir implantar uma cultura de inovação sem se descuidar das atividades rotineiras que garantem seu sucesso no momento presente, e uma questão-chave é como encontrar o equilíbrio entre a inovação e o dia-a-dia. Além disso, a escolha do momento certo para introduzir uma nova prática ou um novo produto no mercado também deve passar por uma análise criteriosa que leve em conta os vários riscos envolvidos e o prazo de retorno esperado de cada investimento.
Quais são as principais características do gestor de inovação?
Mais importante do que a figura do profissional ou da equipe que executará as funções e tarefas necessárias para gerir a inovação, é necessário que todos os níveis hierárquicos da organização exerçam seu papel de liderança, partindo dos escalões superiores, para estabelecer e reafirmar continuamente o compromisso com a inovação. Para tanto, os gestores nesses vários níveis precisam ser conscientizados dos desafios inerentes à inovação, além de entenderem como o processo se desenvolve e quais os riscos e benefícios esperados.
No caso específico do profissional responsável por gerir o processo de inovação, espera-se que ele seja um dos agentes protagonistas da mudança, e que sua atuação esteja fundamentada tanto no conhecimento das melhores práticas de mercado quanto na capacidade de alinhar as atividades aos objetivos estratégicos da organização.
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Fonte: Portal HSM 18/10/2010
* É professor do Centro de Inovação e Criatividade da ESPM (CIC ESPM). Em entrevista exclusiva para o Portal HSM, ele conta como é importante estabelecer métodos e processos para sempre incentivar a inovação nas empresas.
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