Ave, magister!

WAGNER J. GERIBELLO*

Imagem da Internet

Invariavelmente trazem bolsas ou pastas pendentes dos ombros, abraçam cadernos e livros, cruzando corredores e pátios em demanda das salas de aula.

A idade varia. Alguns portam o laptop da modernidade e exportam no semblante a “tecnologizada” agilidade juvenil. Ainda ontem eram alunos. Outros desfilam a respeitosa importância da experiência, como aquele decano, já próximo dos sessenta anos... de docência!

De acordo com dados “matematizados”, ano passado, pelo Ministério da Educação, os graduados passam de 90 bacharéis ou licenciados, enquanto os especialistas vão além de 115, algo como um terço dos mestres, que são 340, quantidade menor que a de doutores, muito próxima de 380. Ao todo, 920 pessoas, 16 delas estrangeiras, as outras oriundas da miscigenação deste Brasil de tantas raças, muitos tipos e grande diversidade que marca a cultura da gente e faz tão culta essa gente que habita a Universidade.

Dia e noite, manhã e tarde, estão na sala de aula, no laboratório ou, ainda, no auditório, em palestra, conferência ou debate. Circunspectos, circulam por entre as estantes da biblioteca, vergam debruçados sobre livros e anotações, estudam, corrigem trabalhos, preparam aulas, planejam conferências, revisando o que sabem, buscando saber o que desconhecem. Gente que explora, questiona, critica, pondera, reflete a satisfação de ensinar e refrata o enquistamento dos neurônios com a eterna vontade de aprender, no mais das vezes, com os próprios alunos, envolvidos com o doce e difícil sacerdócio das aulas.

Das ciências cobrem os setores todos. São químicos, uns, físicos, outros, historiadores, aqueles, geógrafos, estes. Há, também, literatos e matemáticos, jurisconsultos e filósofos, engenheiros e arquitetos, como há comunicadores, artistas, terapeutas, teólogos, sociólogos, antropólogos, reunindo gente afeta às áreas todas do saber humano, da saúde e educação, à tecnologia e cultura.

Constelam universo estrelado de sabedoria e conhecimento. Uns pesquisam, outros levam à comunidade os saberes da Universidade e todos, indistintamente, ensinam, tornando a sociedade, a cada momento, um tanto mais ilustrada, sábia e luminosa.

Existem aqueles que escrevem livros, referenciando o aprendizado. Outros apresentam teses, assinam artigos e proferem palestras nos mais importantes fóruns acadêmicos e científicos, pelos quatro cantos do País, assim como d’algures.

Parte desse grupo notável transita no Pátio dos Leões, onde rebordam a história da cidade e da primeira Universidade que fez residência em Campinas. Parte faz caminho no Campus I, dinamizado pelos Centros de tecnologia, comunicação, ciências administrativas, econômicas, contábeis, humanas e sociais. Parte, por fim, está no Campus II, junto às ciências da vida, modelando a vida acadêmica daqueles que fazem ciência.

Para além dos campi, muitos também são magistrados, governantes, empreendedores. Há os que dirigem empresas, como aqueles que administram negócios, fazem erguer edificações, projetam obras, redigem planos. Estão, alguns, na indústria ou na atividade comercial ou, ainda, na área pública. Muitos atuam nos campos dinâmicos e avançados da tecnologia em contraponto aos que militam os recônditos mais expressivos da arte e da cultura. Alguns têm fama e história, todos, diuturnamente, fazem a história, de si mesmo, da cidade, do País.

Considerando estes que agora estão, mais tantos outros que já estiveram nas cátedras desta Universidade, por setenta anos corridos, mais de 150.000 estudantes foram diplomados por obra, competência e dedicação dessa plêiade de educadores.

Cá estão, nesta Academia, os senhores das aulas, do ensino, da pedagogia. São, todos, mestres, no lato sentido do termo, lentes, no estrito senso do título.

No Dia do Professor, saudações ao corpo docente da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, que professa fé no saber e empenho no dever de ensinar.

Ave, Magister!

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* Wagner J. Geribello é professor de Comunicação Social da PUC-Campinas

Fonte: Correio Popular online, 15/10/2010