J. C. LANE*
Com a longevidade do ser humano cada vez maior, nunca houve tanto desejo de se proteger do envelhecimento. Assim, aos 20 anos de idade achamos uma pessoa de 60 idosa; aos 60, achamos o amigo de 70 idoso, e aos 70 procuramos uma nova definição para aquele a quem chamamos de idoso.
O envelhecer bem-sucedido não consiste apenas em ter boa saúde. Inclui ainda estabilidade financeira e física, uma visão otimista da vida, atividades e bons relacionamentos com as pessoas que estimamos.
A opção de passar a viver com os filhos depende da capacidade do idoso em se adaptar ao estilo de vida de sua nova família. Isso inclui: alimentação, ausência ou presença de fumantes e a possibilidade de fazer caminhadas em locais sem áreas de tropeço dentro e fora da nova residência. É importante ainda que o idoso sinta algum grau de autoestima e competência e que lhe sejam apresentadas novas oportunidades e desafios que não contrariem o bom-senso.
"Tenho algumas coisas para lhe dizer.
Siga sempre o seu coração.
Para onde ele for, seus olhos também irão.
Não corra o risco de envelhecer dizendo
“Ah, se eu tivesse feito isso ou aquilo”.
Eu vivi, aprendi, ensinei, caí,
me levantei e cheguei
a algumas conclusões."
O “bom” envelhecimento também se traduz em uma vida saudável nas esferas emocional, espiritual, social, física e cultural. É importante que o idoso esteja cercado por familiares que lhe demonstrem respeito e amor, e que lhe tratem como se ele fosse uma planta rara. Se a memória de seu ente querido estiver falhando, estimule-o a deixar lembretes para si mesmo pregados no seu espelho.
A vida precisa ser repleta de movimento. O elixir da “eterna juventude” encontra-se em procurarmos ser os mais dinâmicos possível, desfrutarmos cada dia como se fosse o último e sempre sonharmos com algo novo, nunca deixando de fazer aquilo que desejamos.
Quando eu estiver bem velhinho, quero ter a graça de, em um domingo qualquer, sentar-me no banco de meu jardim, beber um cálice de vinho e dizer a uma de minhas netas: — Querida, venha cá! Sente-se ao meu lado. Tenho algumas coisas para lhe dizer. Siga sempre o seu coração. Para onde ele for, seus olhos também irão. Não corra o risco de envelhecer dizendo “Ah, se eu tivesse feito isso ou aquilo”. Eu vivi, aprendi, ensinei, caí, me levantei e cheguei a algumas conclusões. Agora, do alto de meus 82 anos, com os ossos e a pele frágeis e com os cabelos brancos, minha alma é o que resta de saudável e forte. Eu te amo!
( Para Elza Menezes)
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*Professor John Cook Lane é professor titular colaborador da Faculdade Ciências Médicas da Unicamp, médico no Centro Médico de Campinas
Fonte: Correio Popular online, 10/11/2010
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