O advogado Moacir Zilbovicius, sócio do escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga, de São Paulo, trabalha para o Grupo Silvio Santos há 12 anos, mas nunca viveu um momento de tanta pressão como nas últimas cinco semanas. Não só pelo tamanho do problema - uma fraude de R$ 2,5 bilhões no Banco Panamericano -, mas também pela visibilidade de seu cliente. Desde que a holding foi informada do rombo pelo Banco Central, Zilbovicius fazia reuniões quase diárias com o executivo Luiz Sandoval, presidente do grupo, e outras três pessoas ligadas ao empresário e apresentador Silvio Santos, entre elas Wadico Bucchi, ex-presidente do Banco Central no governo Collor. Silvio Santos participou de algumas dessas conversas, em reuniões que ocorriam na sua casa. Foi, aliás, a primeira vez que o advogado conheceu pessoalmente seu cliente mais famoso. Em entrevista à editora do Caderno de Negócios, Patrícia Cançado, Zilbovicius relata os bastidores das negociações até o acordo final:
O escritório acabou atuando como conselheiro do grupo Silvio Santos?
Nosso relacionamento é de longa data e de confiança mútua. Participamos das discussões desde o momento em que a holding tomou conhecimento do problema. Nas últimas duas semanas, não houve fim de semana nem feriado para nós.
Qual foi o momento mais complicado?
Quando recebemos a informação. No começo, não víamos uma saída para o Panamericano.
Quando começaram a costurar o acordo com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC)?
A costura foi feita diretamente por Silvio e pelo Sandoval nas duas últimas semanas e meia. Antes disso, procuramos alternativas, que não eram viáveis.
Que alternativas?
Chegou-se a considerar empréstimo em banco, por exemplo. Mas era muito arriscado.
Quantas pessoas participaram das negociações?
Umas cinco pessoas. Além do Sandoval, do diretor jurídico e de mim, participaram também o Wadico Bucchi, a pessoa de confiança do Silvio no mercado financeiro, e mais uma pessoa ligada ao empresário.
Como foi a reação do Silvio?
Ele foi extremamente prático, objetivo, nunca se posicionou de forma pessimista. Estava preocupado com a amplitude do problema, mas nunca esmoreceu. No dia da assinatura do documento, eu senti no Silvio - e eu não tenho intimidade com ele - todo o espírito que faz dele uma pessoa forte. Se, por um lado, não estava feliz em assumir aquela dívida, por outro estava aliviado. Depois de horas sentado na mesa, pediu licença, saiu da sala e pegou o elevador em direção à garagem do prédio do FGC. Eu desci três minutos depois. Quando cheguei na garagem, vi uma cena que me impressionou muito. O homem que tinha acabado de entregar seu patrimônio como garantia estava tirando foto e dando autógrafo para os funcionários do prédio. Com o sorriso nos lábios.
____________________________REPORTAGEM POR Clayton Netz - O Estado de S.Paulo Fonte: Estadão online, 12/11/2010
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