segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A alma não se separa do corpo nem depois da morte

“A alma não se separa do corpo nem na vida, nem na morte e nem depois da morte”. Entrevista especial com Renold Blank
IHU On-Line – O que há depois da vida é uma pergunta que tem acompanhado a humanidade ao longo da sua história. Em diálogo com os modernos modelos filosóficos e científicos, como a teologia cristã busca responder hoje a esta pergunta?
Renold Blank – Nos últimos vinte, trinta anos, sobretudo a partir da física quântica, nós temos modelos que dizem que a vida simplesmente não pode parar, nem pode ser aniquilada de tal maneira que se acredita que não há algo depois da morte. Existem modelos quânticos que dizem que algo deve continuar. Há também a questão, dentro da física, da termodinâmica, que diz que a energia não pode ser destruída e que o ser humano é um potencial energético. Então, alguma coisa desse potencial deve continuar. Tudo isso são tentativas de a física dizer se há algo depois da morte. Agora, dentro da religião cristã, de maneira específica na Igreja Católica, no fundo, não se entra muito nesta questão científica. A única coisa que constatamos é que existe a pergunta: haverá vida após a morte? E essa declaração cada vez menos contradiz aquilo que a ciência atual pode dizer. Isso é uma coisa boa porque ainda no início do século XIX se dizia que a ciência falava em algo totalmente contrário àquilo que a religião diz. Hoje, constatamos o contrário: a afirmação religiosa e modelos da ciência estão se aproximando.
IHU On-Line – É grande o número de cristãos/ãs brasileiros/as que em busca de uma resposta à morte aproximam-se do Espiritismo. A que se deve isso?
Renold Blank – Pois é. Realmente o número é relativamente grande daqueles que buscam no espiritismo a resposta, principalmente no que diz respeito à doutrina da reencarnação. O que causa isso? Primeiro, a doutrina da reencarnação aceita que a pessoa irá evoluir através de outra vivência e esta concepção, à primeira vista, parece muito lógica, mais compreensível do que a idéia da ressurreição. Este parecer, porém, se torna problemático a partir do momento em que se começa a questionar as bases da concepção. A maioria dos cristãos e das cristãs não conhece essas bases. Na base da concepção da reencarnação, há a idéia do dualismo antropológico e de que o ser humano é o princípio de um "material corpo" e um princípio "espiritual alma", e na morte a alma se separa do corpo. Durante séculos, nas religiões cristãs, se dizia a mesma coisa e, depois, sobretudo no catolicismo, observamos uma imensa evolução. Desde o fim dos anos 1960, a ciência, sobretudo a psiquiatria, mostra cada vez mais claro que o ser humano não é tão simples, tão rudimentar, um compósito de dois componentes que na morte se separam. O ser humano, pelo contrário, é uma estrutura muito mais complexa, de muitas dimensões e nenhuma delas pode separar-se da outra. Em termos simples, na morte, a alma não pode se separar do corpo; isso é impossível e provado cientificamente pela neurobiologia e pela ciência antropológica. Então, se a alma não pode se separar do corpo, não há reencarnação. Mas este fato a maioria dos cristãos não sabe. Por causa disso, sobretudo na Igreja Católica, já se começou um grande trabalho para superar esse dualismo antropológico, para mostrar aos fiéis que a alma não se separa do corpo nem na vida, nem na morte e nem depois da morte. (IHU on line, 02/11/2008).

Um comentário:

  1. Se não há separação da alma e do corpo após a morte, por quê o catecismo da IGreja Católica, quando trata sobre a ressurreição da carne fala desta separação após a morte? Lembrando que não faz tanto tempo que o catecismo foi renovado!!! Isto tem trazido muitas confusões em nossa escola de teologia!!! Por quê a Igreja não se posiona???

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