sexta-feira, 28 de novembro de 2008

CASTIGO PARA A CRIATIVIDADE


‘O espaço aberto é um castigo para a
criatividade’.
Entrevista com Domenico De Masi


“Um castigo para a criatividade”. Para Domenico De Masi, sociólogo do trabalho, o espaço aberto [open space] é a negação da modernidade. A entrevista foi publicada no jornal
La Repubblica, 21-11-2008. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

No entanto, a idéia original não era ruim: compartilhamento e democracia.

Uma ilusão. O espaço aberto não é outra coisa que a reprodução do esquema do trabalho na fábrica no intelectual. O empregado das idéias obrigado a fornecer produtos, como o operário com os parafusos. Sob o olhar do chefe de obras.

Os ambientes abertos como mecanismos de controle social. O senhor concorda com a tese?

Absolutamente sim. Também de maneira involuntária: os comportamentos do empregado se tornam, sob o olhar julgador dos colegas, mais significativo do mérito profissional. É uma tipologia de organização do trabalho, também do ponto de vista arquitetônica, que premia a presença física em vez dos resultados.

A antítese da volatilidade e mobilidade do trabalho como ele é hoje.

As tecnologias permitem produzir e comunicar de qualquer parte que nos encontremos. O escritório aberto, paradoxalmente, nega a comunicação: os distúrbios, os barulhos, a falta de privacidade, do silêncio e da solidão anulam as supostas vantagens da fluidez do open space. Hoje, 60% da população têm uma atividade intelectual, mas na realidade mais da metade não faz um trabalho criativo, mas simplesmente executivo.

Mudaria a substância se cada um tivesse uma sala para si?


A criatividade precisa de momentos de máxima introversão e outros de máxima comunhão. Temos as idéias quando elas chegam, em uma sala ou também na estrada ou debaixo do chuveiro. A flexibilidade do trabalho deveria significar isto: absoluta liberdade também espacial do empregado e, depois, lugares e ocasiões de coleta das idéias.

(IHU/Unisinos - 28/11/2008)

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