A reportagem é Tarso Araújo da revista SuperInteressante de novembro de 2008. Para o economista (e dj) inglês Matt Mason, jovens rebeldes e idéias copiadas podem reinventar a economia.
Tapa-olho, espadas, bandeiras negras e navios de canhões em riste. Esqueça esses adereços. Os piratas mudaram de armas e estão trabalhando ali na esquina perto da sua casa, vendendo os filmes do próximo verão a preço de dvd virgem. Estão mais fortes do que nunca em nossa cultura do "copie e cole" . Sua influência vai muito além dos oceanos e coloca em xeque os maiores impérios comerciais do mundo globalizado. É sobre isso que fala o inglês Matt Mason no livro "O Dilema do Pirata" ( The Pirate´s Dilema, sem previsão de lançamento no Brasil). Ele mistura o que aprendeu fazendo remixes em rádios piratas e clubes londrinos na adolescência com a sua experiência como economista para mostrar que a pirataria é um caminho sem volta. Num texto cheio de histórias saborosas, ele revela como a contracultura, o punk e o hip-hop forjaram uma aliança com as novas tecnologias da informática e da comunicação para mudar para sempre as regras do jogo capitalista. E conclui: isso é bom para todo mundo. Os piratas nos fornecem novos canais de distribuição e consumo, e forçam as empresas a trabalhar duro em busca de produtos que nos agradem mais. De seu apartamento em Nova York, onde vive há 3 anos, Mason explicou como a pirataria pode mudar (aliás, já está mudando) o mundo para melhor.
SI: Muitas indústrias querem prender os piratas. Não tem medo de ser preso?
Mason: Não, porque teriam de prender todo mundo que pratica pirataria. E acho que não querem mandar todos os garotos que estão baixando músicas para a cadeia. Tudo o que fazemos, desde encaminhar um e-mail com uma imagem até tirar uma foto com uma TV no fundo, pode representar violação de direitos. Mas as pessoas a quem me refiro como piratas são aquelas que usam informação de forma realmente não convencionais.
SI: São os jovens, principalmente?
Mason: Sim, porque download, software livre, creative commons e movimento contemporâneo da pirataria fazem parte da cultura jovem. É coisa de gente nova, muito insatisfeita e muito apaixonada pelo que faz, e que quer mudar o mundo e fazer as coisas do seu jeito. A cultura jovem é como um experimento social, em que sempre há novas abordagens para operar o mundo real, fora do mainstream. Se esss idéias são boas, e fazem sentido para muita gente, elas se espalham. É da juventude que vêm as respostas sobre como competir e sobreviver quando a informação não é mais limitada pelas velhas leis de propriedade intelectual.
SI: Então a pirataria e a cultura jovem estão ajudando o capitalismo a se renovar?
Maison: Sim. O dinheiro continua fluindo, mas de um jeito diferente. As pessoas podem gastar menos com cds, mas elas estão ainda apaixonadas pela música e ainda gastam dinheiro com ela, com camisetas, shows etc. Vejo a pirataria como parte natural do capitalismo, que de tempos em tempos o faz mudar.
SI: Por que você entende a pirataria como um velho ingrediente do capitalismo?
Maison: Existem vários exemplod disso. Quando os EUA foram fundados, a política oficial do governo era não reconhecer nenhum tipo de propriedade intelectual, patentes, marcas nem nada. Então começaram a construir suas indústrias contrabandeando o know-how da Revolução Industrial européia. Isso é uma das razões que os levaram a se industrializar tão rapidamente. A fama de contrabantistas dos americanos era tão grande durante o século 19 que os europeus passaram a chamá-los de jankes, uma palavra holandesa usada para se referir aos antigos piratas que, na pronúncia inglesa, acabou virando yankees. Se você for buscar na história de muitas indústrias, também verá a pirataria como um ingrediente realmente importante.
achei um pouquinho vago mas acho que vow ler a revista
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