segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Miniusinas nucleares instaladas no Jardim

Cid Andrade

Será que em breve poderemos comprar uma minicentral nuclear, instalá-la no jardim e gerarmos nossa própria energia durante anos a fio? No que depender da empresa americana Hyperion Power Generation, este não será um futuro distante: nos EUA já é possível encomendar uma máquina e gerar uma energia elétrica "limpa, segura e 100% livre de efeito estufa", como explica o site da empresa. A minicentral, batizada de HPM (Hyperion Power Module), é do tamanho de uma caixa d'água (cerca de 1,5m de diametro por 3m de altura) e é capaz de alimentar 20 mil residências americanas, ou seja, muito mais do que isso em outros países, onde o consumo per capita é menor do que nos EUA. Cada unidade seria, então, suficiente para alimentar – sozinha – uma pequena cidade. O preço é bem salgado, 25 milhões de dólares cada HPM, mas dividindo o valor pela quantidade de famílias beneficiadas, o valor por residência já seria bastante competitivo em comparação com o fornecimento tradicional de energia elétrica.
Ainda segundo o site da Hyperion, que fica em Santa Fé, no estado do Novo México, esta minicentral nuclear também pode ser usada por indústrias, bases militares ou quaisquer lugares ainda não conectados à atual rede elétrica. As primeiras encomendas, afirma a empresa, foram numerosas e cerca de 100 unidades já foram vendidas. A produção só começará em 2013 e quem encomenda hoje só receberá em 2014. A previsão é de que entre 2013 e 2023 cerca de 4 mil reatores nucleares HPM sejam vendidos em todo o mundo. O HPM usa urânio enriquecido a niveis baixos, contendo menos de 20% de urânio 235, que é o combustível normalmente usado em centrais nucleares tradicionais. "Como não há nenhuma parte móvel dentro do reator, é impossível que aconteça um acidente como o de Tchernobyl", tranqüiliza John Deal, presidente da Hyperion.
A massa crítica, a partir da qual começam a se produzir as reações em cadeia que provocam os acidentes, seria impossível de ser atingida por conta do pequeno tamanho e das pequenas quantidades. A coisa é feita de forma que o HPM não precise ser aberto durante sua vida útil, prevista entre 5 e 10 anos. Ao final de seu ciclo, ele deixará uma quantidade de resíduo atômico do tamanho de um côco, que segundo a empresa, é "facilmente reciclável e um tipo de material diferente daquele que poderia ser usado para fabricar uma bomba atômica". Em suma: é uma pilha. Uma grande bateria atômica que dura 10 anos e que depois precisa ser substituída.
Ainda faltam muitos detalhes técnicos a serem divulgados para que seja possível ter uma idéia mais precisa sobre sua performance e seus possíveis perigos, mas a Hyperion nem é a primeira a se lançar neste ramo. A japonesa Toshiba andou testando um minireator batizado de 4S ("super safe, small and simple" – super seguro, pequeno e simples). Será o início de uma nova era energética?
http://ee.jornaldobrasil.com.br/reader/clipatexto.asp?pg=jornaldobrasil_117596/99493 24/11/2008

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