Entrevista Josh Silverman - Skype
As conexões de banda larga expandem-se entre oseletrônicos e permitem que as ligações telefônicas feitas pela internet transitem por TVS, aparelhos deMP3, GPS, consoles de games e até pelo som do carro
Para Silverman, CEO da Skype, os telefonemas pela webvão misturar voz e imageme transitarão por vários aparelhos, como celulares e TVs
Os serviços que fazem ligações telefônicas pela web, denominados Voz sobre Protocolo da Internet (VoIP, na sigla em inglês), representam o que a tecnologia tem de melhor a oferecer – simplificam a vida das pessoas e permitem uma substancial economia de dinheiro. Nesse sistema, uma chamada para Pequim, na China, sem limite de tempo, pode sair de graça, contanto que os participantes da conversa usem o mesmo software. Com tamanho atrativo, a telefonia pela rede de computadores explodiu em todo o planeta. A pioneira e maior empresa desse segmento é a Skype, criada em 2003. Em cinco anos, acumulou 370 milhões de usuários globais. É a responsável por mais de 5% das ligações telefônicas feitas no mundo. "Mas o conceito de comunicação está em franca mutação, e estamos nos preparando para um novo futuro", diz Josh Silverman, o presidente da empresa. Qual futuro? Um que reúna num mesmo pacote – ou numa mesma ligação – telefones fixos, celulares, o som do carro, TVs... A seguir, trechos da entrevista concedida por Silverman a VEJA.
Como as conversas por telefone na internet vão evoluir nos próximos anos?
Todos falam em voz na internet, ou VoIP, na sigla usada para definir a tecnologia. Mas acreditamos que esse conceito foi superado. A voz é apenas uma pequena parte do futuro. As ligações poderão ser feitas de várias maneiras.
Quais serão essas maneiras?
Cada tipo de comunicação tem um formato mais adequado. Quando falo com a farmácia, uma chamada de voz é suficiente. Quando ligo para minha mulher para avisar que vou chegar atrasado, uma mensagem instantânea é uma opção perfeita. Quando os meus filhos falam com os avós, o ideal é uma chamada de vídeo. Hoje, mais de 25% dos minutos de chamadas realizadas pelos nossos serviços são de vídeo. Mas em breve as pessoas poderão usar simultaneamente todas essas ferramentas e a comunicação vai acompanhá-las. Ninguém precisará ficar preso a um tipo de equipamento. As ligações vão fluir como água de um dispositivo para outro.
Como isso vai funcionar?
Trabalhamos com o seguinte cenário: imagine que eu esteja numa teleconferência com três ou quatro colegas de trabalho e precise sair da sala. Então, transfiro essa conversa para o meu BlackBerry. Em seguida, entro no carro e a mesma chamada passa a ser feita pelo áudio do veículo. Em casa, uso a minha TV de tela plana para continuar a videoconferência. Todas essas ferramentas já existem isoladamente. Agora, queremos integrá-las.
Em quanto tempo essa comunicação multimodal estará disponível?
Não vai demorar muito. Estamos trabalhando na nova versão do Skype, chamada 4.0, cujo principal objetivo é tornar mais fácil o uso desses diferentes modos de comunicação.
Vocês também estão se voltando para os celulares?
Lançamos a versão de testes de um produto que permite fazer o download de um software e usar o celular para se comunicar pelo Skype. Isso pode ser feito com a internet sem fio ou com a rede celular. Milhões de pessoas já utilizam o programa. Também temos um acordo com a operadora Three, na Inglaterra, que fabrica o Skypephone móvel. Ele está disponível em doze países. Não está no Brasil porque a Three não opera no país, mas é uma experiência fantástica. Tudo isso já está acontecendo hoje, e é só uma questão de tempo para se tornar uma tendência no Brasil.
O Skypephone também é usado para navegar na internet?
Sim. Na Inglaterra, ele já incorpora uma rede social como o Facebook e conta com ferramentas de busca como o Google.
O iPhone afetou o Skype de alguma maneira?
A principal contribuição do iPhone no momento é permitir que o mundo perceba o poder de acessar a internet por meio de um celular. Essa é uma mudança considerável. Também sentimos uma grande demanda dos usuários pelo lançamento de uma versão do Skype para o iPhone. Teremos em breve algo a anunciar em relação a isso.
Milhares de pessoas estão desenvolvendo programas complementares, os aplicativos, para o Skype. Quais são os produtos mais interessantes?
Firmas de advocacia ou empresas de atendimento ao consumidor adoram os programas que gravam chamadas. Outros softwares permitem que o conteúdo de uma tela seja compartilhado por várias pessoas. Elas podem acompanhar uma apresentação de slides, como se estivessem numa chamada de vídeo. O interesse depende do uso que se faz dos aplicativos. O curioso é que as pessoas que desenvolvem esses programas nos ajudam a atender às diferentes necessidades dos usuários. Sozinhos, nunca poderíamos oferecer tudo o que todos querem.
(Reportagem Revista VEJA Especial de Natal - nov/2008)
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