DAVID COIMBRA*
Imagem da Internet
Qual é a mulher mais linda que você já viu?
Que reação ela despertou em você, quando seus olhos espantados a avistaram pela primeira vez?
Dom Pedro I, nosso imperador herói, depois da morte da mulher dele, Dona Leopoldina, infausto ocorrido sobre o qual escrevi semana passada aqui mesmo, neste nobre espaço, aliás sob inspiração do ótimo “1822”, de Laurentino Gomes, pois Pedro I, tornado viúvo, empenhou-se em contrair novo matrimônio, que matrimônio se contrai feito sarampo.
No caso de um imperador, o casamento fazia-se mister por motivos políticos. Dom Pedro encarregou um fidalgo de confiança, o marquês de Barbacena, para viajar à Europa e lá encontrar uma princesa para ele. Não se tratava de tarefa fácil. O mundo inteiro sabia que Dom Pedro havia maltratado a finada Leopoldina. Nenhuma princesa o queria. Nada menos do que 10 recusaram suas propostas. Abatido, o imperador fez a seguinte recomendação ao marquês:
– O meu desejo, e grande fim, é obter uma princesa que por seu nascimento, formosura, virtude e instrução venha a fazer a minha felicidade e a do império. Quando não seja possível reunir as quatro condições, podereis admitir alguma diminuição na primeira e na quarta, contanto que a segunda e a terceira sejam constantes.
Ou seja: a futura esposa de Dom Pedro podia ser plebeia e burra, desde que fosse fiel e bonita, o que demonstra a inteligência privilegiada do imperador.
O marquês foi competente. Conseguiu convencer a franco-italianinha Amélia a casar-se com o soberano brasileiro. Essa Amélia era neta de ninguém menos do que Josefina, ex-mulher de Napoleão Bonaparte. Era esperta. E, na fresca exuberância de seus 17 anos, era linda. Quando desembarcou no Rio de Janeiro, usando um vestido cor-de-rosa rendado, Dom Pedro ficou tão emocionado com o que viu que desmaiou no convés do navio. O homem desmaiou!
Alguma vez você já sentiu emoção semelhante?
Como reagiu quando viu a mulher mais linda da sua vida?
Que efeitos a beleza produz em você? Não poucos, decerto que não. Mas nós, brasileiros, subestimamos o valor das coisas belas. Consideramos a beleza supérflua. Um luxo. Não é luxo. Às vezes, é artigo de primeira necessidade. Por isso, defendo: quando for erguida a Arena do Grêmio, quando for reformado o Beira-Rio, que não se pense só na grandeza e na funcionalidade. Que se compreenda que, como dizia Vinícius, beleza é fundamental.
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* Jornalista. Colunista da ZH
Fonte: ZH online, 13/10/2010
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