terça-feira, 2 de novembro de 2010

Mil razões para ler Maurice Dantec

Juremir Machado da Silva*


Traduzi “Raízes do mal”, de Maurice Dantec (publicado pela Sulina).
Está no balaio da livraria Sulina, na Feira do Livro de Porto Alegre, a dez reais.
O preço original é 70 reais.
Por que ler Dantec?
Aqui vão mais alguns dados sobre ele para que vocês tenham uma pequena ideia da sua importância mundial como escritor. “A sereia vermelha”, seu primeiro livro, foi adaptado para o cinema de saída, vendeu 200 mil exemplares e foi classificado pelo rigoroso jornal “Libération” como “um dos maiores romances policiais de todos os tempos”.
Apenas isso.
“Raízes do mal”, seu segundo livro, também publicado pela mais prestigiosa editora francesa, a Gallimard, foi traduzido em 16 países e já vendeu mais de 600 mil exemplares, sendo considerado uma obra-prima pela revista L'Express e um dos melhores romances do final do século XX pelo jornal Libération.
O homem é simplesmente “cult” e arrasador.
Para escrever “Raízes do mal”, tal o esforço exigido para contar uma história de serial-killers, ele diz ter feito um pacto com o diabo. Escritor de engajamentos e ideias, grande leitor de Gilles Deleuze, Dantec foi escolhido pela Gallimard como autor símbolo nas comemorações dos 50 anos da “Noire”, talvez a mais famosa coleção de romances policiais do mundo. Durante a guerra da Bósnia, Dantec foi ao teatro das operações para testemunhar os horrores do genocídio comunista. Defendeu os católicos croatas e os muçulmanos.
Quando brigou com a Gallimard, que recusou um dos seus livros mais polêmicos, Dantec foi convidado pela Flammarion, que tentou censurar parte do texto. Dantec ficou uma fera e recusou na bucha.
Saiu batendo a porta para uma melhor.
A revista “Paris-Match” (a Caras da França) comentou: “Dantec é uma granada pronta para explodir disputada por todas as editoras”.
Antoine Gallimard, lamentando a perda, referiu-se a Dantec como “um dos maiores escritores atuais”.
A revista “Lire” concordou: “Maurice Dantec é um dos mais importantes escritores de língua francesa depois de 1945. A sua obra é fulgurante, visionária e polêmica, o que faz dele o mais admirado e o mais odiado dos escritores pela mídia”. Patrick Raynal, ex-diretor literário da Gallimard, foi mais longe: “As pessoas ainda não compreenderam que Dantec é o maior escritor do século, de todo o século”.
Acharam pouco?
Querem mais?
Roqueiro, admirador da cultura norte-americana, vivendo exilado no Canadá, Maurice Dantec não dá para mole para ninguém. Do porte dele, só Houellebecq.
Desde 2008 seus livros são estudados nas mais importantes universidades dos Estados Unidos. “Babylon Babies”, seu terceiro romance, foi adaptado para o cinema de Hollywood pela "XXth Century Fox" ao custo de 60 milhões de euros, com direção de Mathieu Kassovitz, e pode ser visto no Brasil.
Os seus livros saem nos Estados Unidos pela Random House (a Gallimard americana), cujo editor vê nele “o maior escritor europeu atual e o herdeiro de Philip K. Dick”.
Até agora, ele já vendeu mais de dois milhões de exemplares.
Dou esses dados de barato para que não haja engano.
Tudo isso que eu disse acima, repito, custa dez reais na Feira.
Balaio, meu bom balaio!
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* Filósofo. Escritor. Articulista do CP
Fonte: Correio do Povo online, 02/11/2010
Imagens da Internet

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