Bruno Fabrício Cruz*
Os antigos maias tinham um avançado conhecimento de astronomia. Porém, realizavam sacrifícios humanos em homenagem aos deuses. Seu conhecimento, portanto, confundia-se entre o mito e a realidade. De fato, elaboraram um complexo calendário prevendo passagens de cometas e eclipses, mas também era repleto de alusões apocalípticas sobre determinados períodos de tempo. E isso se deve ao fato de que, para os maias, uma enchente poderia ser realmente o fim do (seu) mundo, o que não significaria o fim para toda a humanidade de hoje.
A teoria do fim dos tempos baseada nos maias, assim, precisa ser revisada. Os fatalistas de 2012 apresentam como fundamento científico o movimento da precessão do eixo da Terra. Todavia, o calendário maia em nada se relaciona com a precessão e nem há registros de que eles conhecessem tal fenômeno. A precessão é a variação do eixo da Terra, que se movimenta em um círculo lento perante um ponto fixo, completando uma volta a cada 26 mil anos aproximadamente. A descoberta da precessão é atribuída ao astrônomo grego Hiparco, em meados do ano 120 a.C e é facilmente detectada atualmente, com a ajuda da tecnologia. A causa mais visível para nós seria a modificação da posição das constelações no céu noturno, especificamente a chamada Estrela Polar, no Hemisfério Norte.
Mas o que isso tem a ver com o fim do mundo? Aparentemente nada. Os teóricos de 2012 afirmam que a mudança do eixo nos matará a todos. Na realidade, pela contagem das eras precessionais, já modificamos o eixo, iniciando um novo ciclo astronômico, denominado Era de Aquário. Para quem não sabe, a Era de Aquário nada tem a ver com energias mágicas, mas, sim, trata-se de uma contagem de tempo da precessão. Isso se dá porque o zodíaco, na realidade, é um relógio astronômico. Imaginem que a Terra possua um cinturão na linha do equador, e que esteja dividido em 12 faixas, cada uma delas representada por um signo do zodíaco. Cada signo representa uma era, ou, em termos precessionais, um ciclo de tempo em que uma constelação estará alinhada com o Sol e o nosso planeta por um período de 2.160 anos. Após esse longo período, o ciclo muda para o próximo signo. A volta completa pelas 12 constelações do zodíaco totaliza 26 mil anos. É a volta precessional do eixo da Terra e vem acontecendo com regularidade desde a criação de nosso planeta e não será em 2012 que tudo vai acabar.
*Advogado
FONTE: ZH online, 17/11/2009
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