RENÉ CHAR*
Le réel quelques fois desaltere l’espérance.
C’est pourquoi, contre toute attente, l’espérance survit.
O real, algumas vezes, mata a sede da esperança.
É por isso que, contra toda espera, a esperança sobrevive.
Queria hoje que a erva fosse branca
para pisar a evidência do vosso sofrimento :
não veria sob a vossa mão tão jovem
a forma dura, sem reboco, da morte.
Num dia discricionário,
outros, apesar de menos ávidos do que eu,
retirarão vossa camisa de estopa, ocuparão a vossa alcova.
Mas, quando partirem, esquecerão de apagar a lamparina
e um pouco de óleo derramar-se-á
pelo punhal da labareda
sobre a impossível solução.
Tradução de Carlos Alberto Shimote
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* Um poeta de combate (cronologia 1907-1948)
Poeta, homem de letras, esteta, crítico e curador de artes, militante político, interlocutor de filósofos, amante da filosofia, pesquisador das linguagens visuais e verbais, interlocutor de pintores, amante e devoto da pintura, intelectual proteiforme e multifacetado. René Char é ainda um escritor quase desconhecido no Brasil: ele nasceu em 14 de junho de 1907, numa propriedade rural em Névons, Isle-sur-la-Sorgue, nos arredores de Avignon, na região da Provença, no sul da França. Poeta profundamente envolvido com a natureza da sua região natal, sobretudo com o rio Sorgue; referência importante em sua obra.
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