Marina fala a fiéis da Assembleia de Deus – Ministério do Belém, em junho deste ano
Quantos são? De que forma estão divididos?
O que eles pensam? Qual será
seu peso na eleição?
Os evangélicos estão no centro do debate eleitoral.
Saiba mais sobre esse grupo
Apesar das campanhas negarem, candidatos e partidos costumam se render aos interesses
de líderes e igrejas evangélicas em troca de apoio nas eleições. Essa
situação não é exclusiva da campanha de Marina Silva, candidata à
Presidência pelo PSB. A aproximação de políticos e igrejas nas eleições e
até mesmo durante atividade parlamentar demonstra como os evangélicos
ganharam importância entre a sociedade brasileira atualmente. Saiba como
e de que forma essa corrente religiosa pode influenciar o resultado das
urnas em outubro:
Qual o peso do voto evangélico?
Cerca de 22% dos brasileiros se declaram evangélicos (42,2 milhões de pessoas), segundo o último censo do IBGE. O país ainda segue com maioria católica (123,3 milhões, ou 64% da população), mas o crescimento dos evangélicos foi de 61,45% em 10 anos. Por outro lado, os evangélicos são mais unidos na hora de escolher seus candidatos. Segundo o cientista político Cesar Romero Jacob, da PUC-Rio, há alguns anos, os pentecostais e neopentecostais têm seguido o princípio: “irmão vota em irmão”.
Os evangélicos podem dar vitória a um candidato?Em
um cenário acirrado como a disputa entre Dilma e Marina, o voto
evangélico pode ser um trunfo. As candidatas de PT e PSB estão
praticamente empatadas, segundo as últimas pesquisas.
Logo, a conquista de votos em massa de um setor da população em
crescimento, como é o evangélico, pode decidir uma eleição. Segundo o
Ibope, a maior vantagem de Marina está justamente no eleitorado
evangélico. Em São Paulo a candidata do PSB tem 49% dos votos dos
eleitores dessa fé, contra 20% de Dilma e 9% de Aécio. Entre os
eleitores católicos, a disputa é mais dura. Marina tem 36%, contra 25%
de Dilma e 19% de Aécio, segundo o Ibope.
As denominações evangélicas fazem campanha por candidatos?É comum que diferentes correntes ou líderes evangélicos anunciem apoio
a determinado candidato e partido político. O próprio Malafaia apoia,
no primeiro turno, o candidato do PSC à Presidência, Pastor Everaldo. No
segundo turno, o líder da Assembleia de Deus Vitória já declarou que
vai de Marina. O bispo e ex-deputado Robson Rodovalho, da Igreja Sara
Nossa Terra, que tem 1,1 milhão de fiéis, também irá votar em Marina e
disse que pedirá a seus fiéis que votem na ex-ministra. A Universal do
Reino de Deus, por sua vez, vai apoiar Dilma. Já as Assembleias de Deus,
dos ministérios do Belém e Madureira, vão defender o voto no Pastor
Everaldo.
Os líderes religiosos podem pedir voto?A
Lei das Eleições proíbe que pastores, bispos, padres, candidatos ou
qualquer pessoa faça propaganda eleitoral em ambientes como igreja e
templos religiosos. A publicidade também não pode ser feita por meio de
cartazes, vídeos ou qualquer outra forma de exposição. Mas, fora de
templos, qualquer líder evangélico pode manifestar apoio ou crítica a
políticos e candidatos.
Marina Silva é de qual igreja?A
candidata do PSB é fiel, desde 2004, da Assembleia de Deus do Plano
Piloto (Novo Dia), que fica em Brasília. A igreja é ligada à Assembleia
de Deus no Brasil, a maior denominação evangélica no Brasil hoje.
Segundo o último Censo, a Assembleia de Deus passou de 8,4 milhões para
12,3 milhões em dez anos. Antes, Marina Silva pertencia à Assembleia
Bíblica da Graça.
Qual o tamanho da bancada evangélica?No
Congresso são 73 parlamentares, sendo 70 deputados federais e três
senadores, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria
Parlamentar (DIAP). A atividade da chamada Frente Parlamentar Evangélica
é intensa, principalmente quando estão em pauta temas como a
legalização do aborto, drogas ou a união civil de pessoas do mesmo sexo.
Entre os partidos, o PSC e o PR elegeram a maior quantidade de
representantes evangélicos.
Bandeiras comportamentais, como aborto e casamento gay, são de fato importantes para os evangélicos na hora do voto?De
acordo com especialistas, a agenda comportamental costuma ser mais
considerada para a maioria dos evangélicos do que questões como a
opinião sobre política macroeconômica, pré-sal ou benefícios sociais.
Além de ser um assunto importante para os pentecostais, segundo Jacob,
da PUC-Rio, são por meio das bandeiras comportamentais, como casamento
gay e aborto, que os evangélicos têm distinguido um candidato dos
outros.
Qual a opinião dos candidatos sobre as bandeiras comportamentais discutidas hoje na campanha presidencial?Marina
Silva já declarou publicamente que é contra o aborto, mas fala em
plebiscito sobre a questão. Também é contra o casamento gay, mas diz ser
a favor da união civil entre homossexuais. Aécio Neves também se
posicionou contra a liberação do aborto mas, ao contrário de Marina, é a
favor do casamento gay. Na campanha de 2010, a presidenta Dilma assinou
compromisso garantindo a grupos religiosos ser contra o casamento gay,
mas não se posicionou ainda nessa campanha. Defendeu, na semana passada,
a criminalização da homofobia. Defendeu também a interrupção da
gravidez, “por motivos médicos e legais”, e sua realização em unidades
do Sistema Único de Saúde – o que já é previsto em lei.
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Por Redação
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publicado
06/09/2014 16:22,
última modificação
06/09/2014 22:47
FONTE: Carta Capital online, acesso 08/09/2014
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