sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Um ano atípico

Ruy Carlos Hostermann*

  
 O Brasil está passando por um momento muito complicado. 
O mundo todo está complicado. 
O mundo está sem dinheiro, sem negócios. 
O mundo, a rigor, embora não se diga muito, 
está sem perspectivas. 
Não se sabe para que lado 
as coisas vão.

Esse ano não teve apenas calor, frio, vento, chuva e pessoas. Teve mais. Esse ano foi um ano atípico. Aconteceram coisas fora do padrão habitual, e aconteceram coisas fora do nosso alcance pessoal. 

Veja, por exemplo, eleições. As eleições visivelmente estão fora do nosso padrão. Nós estamos tentando nos ajustar à ela. Ela é grande, tem implicações de todo gênero - mas não todas as que a gente gostaria -, e, na verdade, não se sabe bem quais são as suas principais implicações. O que agora começa a se ressaltar é que quase 20% do público ouvido a respeito de eleições não sabe em quem votar. Isso, aparentemente, é uma negligência, é um desconhecimento ou é uma ignorância. Uma dessas coisas certamente é. Mas, de qualquer modo, faz parte desse período. Ou seja, um momento em que as coisas estão mal definidas, mal propostas, estão em trânsito. As pessoas em cima disso não conseguem tomar decisões com muita facilidade. Esse é um enorme problema, porque as eleições terão repercussão imediata nesse ano ainda, mas, sobretudo a partir do próximo governo, seja a repetição ou seja a mudança. 

É um problema sério e as pessoas estão no meio disso, não diria atônitas, mas ao menos preocupadas porque gradativamente elas percebem que aquilo que elas deveriam ter controle, não chegam a ter. Desaparece o controle. É como se na mão estivesse alguma coisa e quando você abrisse a mão ela já não estivesse mais. Não é magia, é o fenômeno da natureza que está ocorrendo.

Além disso, o ano é atípico por várias outras razões. Ele corrigiu muita coisa, mas ele colocou fora do lugar muitas outras. Teve uma Copa do Mundo no Brasil, e um desastre nela. Isso também é um caso atípico. Não havia uma Copa do Mundo no Brasil desde 1950. Esse tempo decorrido, também conspira para que se tenha uma imagem mais segura, uma certeza a respeito dos fatos, uma determinação de como as coisas podem ser, de como elas vão ocorrer. Isso aí tudo, começa a escapar.
E em consequência, está aí, metido nisso, um problema a mais para a convivência da gente em sociedade. O Brasil está passando por um momento muito complicado. O mundo todo está complicado. O mundo está sem dinheiro, sem negócios. O mundo, a rigor, embora não se diga muito, está sem perspectivas. Não se sabe para que lado as coisas vão. E o Brasil, em meio a isso, além de não saber bem o lado para o qual todos devem ir, ou a maioria deve ir, também está visivelmente em busca de uma afirmação, de uma definição. Tudo isso está na discussão das eleições. Tudo isso passa por dentro do ano e tudo isso tumultua a vida das pessoas. Eu duvido que alguém esteja seguro de que estamos no lugar certo, de que as coisas vão acontecer como tem que acontecer e tudo está previsto. Não. Nada está previsto. O lugar certo talvez não exista e, em consequência, somos nós que devemos sobreviver. 
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* Jornalista. Escritor.
Fonte:http://www.encontroscomoprofessor.com.br/index.php
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