A última confirmação chegou há poucos dias: as crianças que se comunicam habitualmente por meio do Facebook, do Twitter ou dos sistemas de mensagens instantâneas na escola se saem exatamente como os colegas que preferem contatos mais tradicionais. Porém, enquanto as redes sociais se tornam instrumentos sempre mais populares em todas as faixas de idade, inevitavelmente crescem os problemas para os pais, divididos entre a vontade de garantir aos filhos a mais ampla variedade de relações e o medo de vê-los entrando em lugares que muitas vezes não conhecem e que sabem que não podem controlar.
A reportagem é de Alessio Balbi, publicada no jornal La Repubblica, 11-11-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Diante da necessidade de acertar as contas com uma nova tecnologia, quem tem filhos pequenos busca muitas vezes soluções simples: nas origens da TV, a resposta pronta e quase proverbial era "para a cama depois de Carosello" [programa humorístico da RAI italiana]. Em anos mais recentes, os produtores dos videogames tiveram que se autorregulamentar de forma que os pais pudessem sempre conhecer a idade aconselhada para cada jogo. Agora, um editorial da CNN desencadeia o debate: qual é a idade certa para começar a frequentar as redes sociais?
A resposta deveria ser óbvia, já que esse sites proíbem o cadastro de menores de 13 anos. Mas não existe um modo eficaz para controlar a verdade idade de quem se registra, e a realidade é portanto bem mais complexa: segundo um estudo do Pew Internet Research, 38% dos jovens norte-americanos entre os 12 e os 14 anos declara que frequenta as redes sociais. De acordo com os dados divulgados pelo site CheckFacebook.com, 1,5% dos italianos inscritos no Facebook, o equivalente a mais de 180 mil pessoas, tem menos de 13 anos.
"Mesmo querendo, impedir que as crianças vão para a rede e tenham relações virtuais com outras pessoas é difícil", diz Tilde Giani Gallino, professora de psicologia do desenvolvimento na Universidade de Turim. "Não é verdade que um menino que não usa o computador em casa não o fará depois em outro lugar, por exemplo quando vai se encontrar com os amigos. Mais do que proibir, os pais deveriam mostrar interesse por essas novidades, falar sobre elas com as crianças, colocá-las a par de eventuais riscos".
Nestes meses, os especialistas, entre alarmes, anúncios de efeito e retrocessos, não fizeram muita coisa para que o grande público pudesse formar uma opinião equilibrada sobre o fenômeno das redes sociais. Em fevereiro, dois procuradores gerais norte-americanos descreveram esses serviços como covas de molestadores, desmentindo um relatório que eles mesmo tinham promovido um pouco antes, segundo o qual os assédios na Internet são um perigo muito menos para as crianças do que o bullying [violência física ou psicológica] entre colegas.
Em abril, uma pesquisa da Ohio State University localizou uma relação entre a participação em redes sociais e um rendimento mais baixo na escola e na universidade. Um mês mais tarde, esses resultados foram contestados em um estudo com o significativo título "Reconciliar o sensacionalismo com os dados": segundo os pesquisadores da Northwestern University, não é possível encontrar nenhuma relação de causa e efeito entre a participação nas redes sociais e os resultados escolares.
Incongruências que se explicam, em parte, pelo fato de que o fenômeno é muito recente para se ter dados certos e verificados. "As crianças de hoje são a primeira geração que têm esses instrumentos à disposição", confirma a professora Giani Gallino. E não é verdade que, com o tempo, a situação se esclareça: como Kaveri Subrahmanyam, professora de psicologia da California State University-Los Angeles, declarou à CNN, "no futuro, será sempre mais difícil encontrar crianças que não vão à Internet, para serem usadas como grupo de controle".
Fonte: IHU/unisinos, 14/11/2009
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