terça-feira, 15 de novembro de 2011

A vida online é real?

Mariela Castro*

Se você está tentando construir uma persona online, de modo a firmar sua trajetória profissional e mostrar sua expertise e competência, sua presença online assume uma prioridade ímpar, pois é ela que vai refletir quem você é e como você deseja que as pessoas te percebam.
Se, por outro lado, você encara as mídias sociais apenas como canais de caráter pessoal, para manter contato com amigos, a preocupação com o volume e a frequência do que você posta não é tão relevante.
Mas não confunda personal branding com invenção ou fingimento. Não, você não vai criar um personagem para você mesmo, como se estivesse no Second Life. Alguns autores, entre eles Thomas de Zengotita e Neal Gabler, acreditam que a interação via mídias sociais criou um novo tipo de sociedade, em que a realidade “real” e a realidade “virtual” se confundem, em que é possível “construir” uma realidade e atuar nela como se estivéssemos em uma peça de teatro ou show de TV. Ou seja, que ninguém mais simplesmente É – a autenticidade foi substituída pelo que “achamos que devemos aparentar”.
A avaliação é instigante na medida em que sequer percebemos se estamos enveredando por uma quase “falsificação” da realidade. As novas formas de comunicação transformaram a vida em um grande show de entretenimento. Quem não quer mostrar seu lado mais glamuroso, inteligente, interessante? Seria isso uma forma de iludir nossos interlocutores?
Eu defendo uma posição mais simples: coerência e consistência. O que você mostra online deve ser reconhecido quando as pessoas te conhecem e te ouvem ao vivo. Especialmente do ponto de vista profissional, não há como representar um papel quando o assunto é face a face.
Um bom exemplo de coerência online-offline é o que faz o escritor e palestrante Eugenio Mussak em sua página no Facebook (sim, ele tem uma página, não um perfil, o que já delimita o tipo de interação a que está disposto). Seus posts, embora de conteúdo informal e às vezes fazendo referência a situações pessoais, sempre têm uma razão de ser, pois encerram alguma mensagem, alguma “moral da história”. Ou seja, ele continua sendo o Eugenio Mussak palestrante, falando para um público vasto e diverso, e não somente para quem ele conhece pessoalmente e tem relações de amizade.
Nossa tendência a complicar desaparece rapidamente quando entendemos os pontos básicos para estabelecer nossa presença online, que é alimento imprescindível para nossa credibilidade.

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* É diretora da consultoria Communication Advisors e discute como as mídias sociais impactam os negócios e as relações das empresas com investidores e outros públicos. mariela.castro@communicationadvisors
Fonte: http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/midias-sociais/2011/11/07/

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