Sucesso em diversos países ao redor do mundo, “Café da Morte” chega a São Paulo
Jayd Kent tinha medo da morte. Pensava sobre o assunto três ou quatro
vezes ao dia. Também temia que descobrissem sua fobia e a trancassem em
um hospital psiquiátrico. Decidiu permanecer calada – até que, certo
dia, descobriu um grupo que se reunia em cafés de Londres para discutir o
assunto. Arriscou-se a contar sua história e recebeu, em troca, apoio e
relatos semelhantes. E não se sentiu mais anormal.
"... existem três modos de encarar a vida:
como um
recém-nascido,
um moribundo ou
uma pessoa de meia-idade."
A história acima é uma das favoritas de Jon Underwood, 40,
ex-funcionário da prefeitura de Londres que, inspirado pela iniciativa
do sociólogo suíço Bernard Crettaz, organizador de “Cafés da Morte”
desde 2004, levou o evento à cidade inglesa. “A ideia é ajudar as
pessoas a tomar consciência da finitude de suas vidas e, a partir disto,
passar a aproveitá-las mais intensamente”, diz Underwood.
Em um ambiente informal e servidas de bolos e chá – “o açúcar ajuda a
deixá-las mais confortáveis e relaxadas”, diz –, pessoas de variadas
idades se encontram para debater o assunto. Além da Suíça e Londres, o
modelo já acontece na França, Bélgica, Estados Unidos e Austrália.
Agora, o evento chega ao Brasil: o Espaço Revista CULT, em São Paulo,
sedia o primeiro encontro, coordenado pelo filósofo Juliano Pessanha.
“Acho interessante a discussão. Falar da morte é um tabu, as pessoas
preferem esquecer que ela existe”, diz.
Para ele, existem três modos de encarar a vida: como um
recém-nascido, um moribundo ou uma pessoa de meia-idade. “Enquanto os
dois primeiros se equivalem por possuírem o encantamento, o outro não
tem consciência de sua condição passageira na Terra e, portanto, tende a
não dar valor às pequenas experiências cotidianas”.
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Reportagem por Helder Ferreira
Fonte: http://revistacult.uol.com.br/home/2012/11/morte-cha-e-duas-colheres-de-acucar/
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