Mariano Rajoy: Espanha aposta no Brasil
Divulgação / Pool Moncloa
Mariano Rajoy diz entender o mal-estar social, em entrevista exclusiva ao GDA
MADRI — O presidente de Governo da Espanha enfrenta hoje a segunda
greve geral em apenas 11 meses de mandato. Os espanhóis não parecem ver
luz no fim do túnel. Mas Mariano Rajoy projeta para 2014 o início da
recuperação. Mesmo em tempos de tormenta, o líder, que pertence ao
conservador Partido Popular, diz que tem boas noites de sono graças a
uma rotina disciplinada.
Imerso nos preparativos para a XXII Cúpula Ibero-americana, que ocorre nos dias 16 e 17, em Cádiz, na Espanha, e conta com a presença da presidente Dilma Rousseff, Rajoy recebeu O GLOBO no Palácio da Moncloa, para uma entrevista em conjunto com os jornais “La Nación” (Argentina), “El Universal” (México), “El Tiempo” (Colômbia) e “El Mercurio” (Chile) — os cinco pertencentes ao Grupo de Diarios América (GDA) — além do “El Universo” (Equador).
Qual é seu diagnóstico sobre a saúde da Espanha?
Vivemos momentos difíceis. Há mais de 5 milhões de espanhóis que querem trabalhar e não podem, empresas com falta de crédito. Sem crédito, não há investimento, não se pode gerar emprego e crescimento. Isso é resultado, fundamentalmente, do déficit público alto, grande dívida externa, problemas de competitividade e um setor bancário que precisava ser saneado. A situação não é boa, mas decisões estão sendo tomadas.
Que decisões o senhor citaria?
Estamos fazendo grande esforço para reduzir o déficit, o que está provocando muitos sacrifícios para as pessoas. Estamos conscientes disso, mas é imprescindível para a recuperação.
Quais são as perspectivas?
Acreditamos que, em 2014, a Espanha já terá crescimento econômico.
O desemprego já afeta um em cada quatro espanhóis. Quais são as projeções do governo para 2013?
Nossa previsão era crescimento negativo de 1,7% e aumento do desemprego em 600 mil pessoas. É provável que as cifras sejam um pouco menores. Em 2013, esperamos crescimento de -0,5%, e aumento do desemprego bem inferior ao de 2012.
Uma das faces cruéis do desemprego são os despejos diários. O que o senhor sente quando sabe de mais suicídios durante o despejo?
Enorme tristeza, grande preocupação e grande desassossego.
Com o país como está, como o senhor dorme?
Acordo todo dia às 7h e faço exercícios. Às 8h20m, estou trabalhando. Às 21h, tento jantar com minha família. Se tenho de resolver algo mais, faço entre 21h30m e 22h30m. Com ordem e disciplina, durmo bem.
Assim como o rei disse recentemente, sente vontade de chorar?
As cifras nos levam, não a ser otimistas, porque não há sentido em ser otimista, mas a crer que as coisas melhorarão ano que vem. Vontade de chorar? As coisas não vão bem. Não podemos negar a realidade.
O senhor teme a explosão social?
Entendo o mal-estar das pessoas. Não vivo de costas para a realidade. Este governo teve de tomar decisões difíceis. Fazemos essa política econômica por acreditar que é disso que a Espanha precisa.
A Espanha perde peso na política exterior latino-americana?
Não. A América Latina tenta abrir novos espaços, mas a Espanha é uma grande referência, e vice-versa.
Do que o senhor tratará com a presidente Dilma, em Madri?
De assuntos econômicos. Há muitas empresas espanholas no Brasil, outras que querem investir lá, e podemos fazer alianças.
Imerso nos preparativos para a XXII Cúpula Ibero-americana, que ocorre nos dias 16 e 17, em Cádiz, na Espanha, e conta com a presença da presidente Dilma Rousseff, Rajoy recebeu O GLOBO no Palácio da Moncloa, para uma entrevista em conjunto com os jornais “La Nación” (Argentina), “El Universal” (México), “El Tiempo” (Colômbia) e “El Mercurio” (Chile) — os cinco pertencentes ao Grupo de Diarios América (GDA) — além do “El Universo” (Equador).
Qual é seu diagnóstico sobre a saúde da Espanha?
Vivemos momentos difíceis. Há mais de 5 milhões de espanhóis que querem trabalhar e não podem, empresas com falta de crédito. Sem crédito, não há investimento, não se pode gerar emprego e crescimento. Isso é resultado, fundamentalmente, do déficit público alto, grande dívida externa, problemas de competitividade e um setor bancário que precisava ser saneado. A situação não é boa, mas decisões estão sendo tomadas.
Que decisões o senhor citaria?
Estamos fazendo grande esforço para reduzir o déficit, o que está provocando muitos sacrifícios para as pessoas. Estamos conscientes disso, mas é imprescindível para a recuperação.
Quais são as perspectivas?
Acreditamos que, em 2014, a Espanha já terá crescimento econômico.
O desemprego já afeta um em cada quatro espanhóis. Quais são as projeções do governo para 2013?
Nossa previsão era crescimento negativo de 1,7% e aumento do desemprego em 600 mil pessoas. É provável que as cifras sejam um pouco menores. Em 2013, esperamos crescimento de -0,5%, e aumento do desemprego bem inferior ao de 2012.
Uma das faces cruéis do desemprego são os despejos diários. O que o senhor sente quando sabe de mais suicídios durante o despejo?
Enorme tristeza, grande preocupação e grande desassossego.
Com o país como está, como o senhor dorme?
Acordo todo dia às 7h e faço exercícios. Às 8h20m, estou trabalhando. Às 21h, tento jantar com minha família. Se tenho de resolver algo mais, faço entre 21h30m e 22h30m. Com ordem e disciplina, durmo bem.
Assim como o rei disse recentemente, sente vontade de chorar?
As cifras nos levam, não a ser otimistas, porque não há sentido em ser otimista, mas a crer que as coisas melhorarão ano que vem. Vontade de chorar? As coisas não vão bem. Não podemos negar a realidade.
O senhor teme a explosão social?
Entendo o mal-estar das pessoas. Não vivo de costas para a realidade. Este governo teve de tomar decisões difíceis. Fazemos essa política econômica por acreditar que é disso que a Espanha precisa.
A Espanha perde peso na política exterior latino-americana?
Não. A América Latina tenta abrir novos espaços, mas a Espanha é uma grande referência, e vice-versa.
Do que o senhor tratará com a presidente Dilma, em Madri?
De assuntos econômicos. Há muitas empresas espanholas no Brasil, outras que querem investir lá, e podemos fazer alianças.
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Reportagem por: Priscila Guilayn/GDA
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