domingo, 8 de novembro de 2009

Eu, ciborg

Um cientista inglês quer iniciar a nova etapa da evolução:
criar corpos feitos de pele, osso e circuitos.



Em 1998, o inglês KEVIN WARWICK* se tornou um robô. O cientista implantou um chip no braço para controlar mecanismos em seu laboratório. Assim: com o aparato instalado debaixo da pele, consegui, por exemplo, abrir portas apenas ao se aproximar. “Virei um controle remoto ambulante”, diz.

O pesquisador esta convencido de que o próximo passo da evolução humana serão os ciborgues. “Em menos de 30 anos, qualquer um poderá ter uma parte robótica.” Imagine um mundo em que será possível guardar arquivos no próprio cérebro? Ou conversar sem abrir a boca, usando apenas a mente? E se conectar à internet utilizando um dedo como pen drive ou dirigir um carro sem se mexer? Chip a chip, Kevin vem construindo essa realidade.
O cientista falou a GALILEU sobre homens, robôs e os novos limites do corpo.


GALILEU: Por que virar um ciborgue?
Warwick: Ser só humano é se contentar com muito pouco! Pense nas possibilidades que a internet e a informática oferecem e que não temos. Imagine se tivermos os neurônios ligados à internet e a um computador: poderemos ter a memória da máquina, suas habilidades matemáticas e as conexões da rede. Os humanos sé enxergam o mundo em três dimensões, enquanto os computadores podem ter centenas de dimensões. Nossas habilidades estão ultrapassadas.

GALILEU: Você experimentou isso quando virou o primeiro ciborgue humano, há 11 anos?
Warwick: Eu, basicamente, virei um controle remoto. Foi divertidíssimo! Implantei um identificador por radiofrequência no meu antebraço, ligado ao computador do departamento de cibernética aqui do prédio. Então, quando entrava no laboratório, o computador sabia que eu estava chegando e abria as portas. Enquanto andava as luzes se acendiam. Quando eu chegava à minha sala, ela dizia: “Bom dia, professor Warwick”. Durante os nove dias em que circulei com o implante, vários colegas me diziam: “Ei! Também quero um!”. Os resultados foram tão bons que, quando o retirei, fiquei mal...

GALILEU: Emocionalmente mal?
Warwick: É. As portas não abriam mais, minha sala não me reconhecia... Era muito chato. Quando se tem um implante, rapidamente pensamos que ele é uma parte nossa. Isso acontece com pessoas que usam marca-passos ou próteses. Esses dispositivos deixam de ser peças tecnológicas nos faz favores e nos deixa dependentes. É por isso que, se ela para de funcionar, é problemático. Mas não me senti assim com meu segundo implante.

GALILEU: Queria se livrar dele logo?
Warwick: Eu estava exausto. Durante três meses, em 2002, tive um chip, também no braço, com eletrodos que ligavam o meu sistema nervoso periférico a um computador e à internet. Uma das coisas que eu fazia era comandar a mão de um robô. Com os sinais emitidos diretamente pelo meu sistema nervoso, eu era capaz de abrir e fechar a minha mão e fazer o mesmo movimento com a mão do robô. Por sensores, o androide mandava sinais para mim, mostrando qual a força que ele aplicava em seus gestos e, assim, eu podia fazê-lo agarrar ou mover um objeto. Isso seria muito útil para pessoas com membros amputados.

*Professor (55anos) de cibernética da Universidade de Reading, na Inglaterra, pretende provar que o corpo humano pode tudo.
Reportagem completa de Rita Loiola na Revista GALILEU - nº 2201 - novembro/2009

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