Um blog para a Classe Média, criado por Pierre do Brasil: The Classe Media Way of Life suscitou a reportagem da revista CARTA CAPITAL desta semana. Mostra Carta Capital que o morar em apartamentos alterou o modus vivendi de nossos heróis médio-classistas.
Veja trecho da reportagem:
“Todo o prédio tem um nome, que quando não é o nome de um médio-classista falecido (com sobrenome italiano), é um estrangeirismo. Os idiomas preferenciais são o inglês, o francês e o próprio italiano.
(...) Médio-classista hoje em dia podem escolher morar em um empreendimento chamado Château De Douceur, onde estão disponíveis nas áreas comuns o “Espaço Kids”, para os pequenos brincarem o dia inteiro, o “Espaço Teen”, para os adolescentes, o “Garage Band”, para os filhos terem o direito de ser rebeldes, enquanto a empregada leva suco e biscoitos.
Também há o “Woman’s Space”, para ficar vazio, enquanto você frequenta o salão do momento. O “Espaço Goumert”, para dizer aos outros que você é refinado e cozinha por prazer, enquanto a empregada deixa tudo pré-pronto em segredo, e ainda lava as panelas. O “Fitness Center”, para ficar vazio, enquanto você paga uma academia perto do trabalho, e muitas outras salas com nomes estrangeiros. O objetivo disso, além de encarecer absurdamente o condomínio, é fornecer argumentos aos publicitário para que o tamanho dos apartamentos seja cada vez mais diminuto, no pressuposto de que ninguém ficará lá dentro com tantas atividades dando sopa no pilotis.
Por fim, neste novo jeito de morar, uma coisa é imprescindível: grades. O mundo lá fora é mau. A gente de bem está do lado de dentro. Por isso, no espaço urbano todas as características da classe média convergem para um único organismo, que é o “lado de dentro”. Médio-classista evita sair na rua. Rua é para pobre, é onde passa ônibus e onde estão os assaltantes. O médio-classista anda de garagem em garagem. Sem contato nem com o ar do lado de fora. Filho de apartamento tem alergia a fumaça, poeira, plantas de verdade e pobre. Assim, a cidade da classe média é hoje um núcleo fortificado, à espera de um ataque bárbaro a qualquer momento. Para isso, métodos de segurança dos mais modernos foram desenvolvidos, como lanças e homens armados. Dizem que em São Paulo uma construtora aguarda autorização do Ibama para construir um sistema de fosso com jacarés. Será o primeiro Eco-Security-Residence do Brasil.
Fonte: Revista Carta Capital, nº 572 - 18 de novembro de 2009 - pg.68-70.
Nenhum comentário:
Postar um comentário