sábado, 19 de junho de 2010

A importância dos games nos século 21

Maria Lucia Willemsens*

O que têm em comum o antropólogo e pesquisador musical Hermano Vianna; Will Wrigh — o criador da famosa série de jogos eletrônicos The Sims; Marc Prensk, um dos principais consultores educacionais do mundo, além de criador de jogos educativos; e o biólogo E. O Wilson, professor emérito de Harvard, vencedor do Prêmio Pulitzer, por sua vez um dos mais influentes cientistas norte-americanos? Esses mestres, todos referências em suas áreas de atuação, são unânimes em afirmar que os games fazem parte do futuro da educação.

Apesar de ainda haver resistência por parte dos mais diretamente envolvidos na formação dos cidadãos do futuro (pais, professores, pedagogos e instituições de ensino), a opinião desses estudiosos deveria ser ouvida com mais atenção. O crescimento do mundo dos jogos e sua importância na vida contemporânea, já são uma realidade. Em casa, os jogos já fazem parte do dia a dia dos jovens há bastante tempo. No entanto, quando se trata da aplicação de jogos na educação, essa prática é inexpressiva no Brasil. De fato, a própria discussão sobre o assunto é ainda incipiente de um modo geral.

A maneira como os jovens se enxergam no mundo se modificou, assim como a realidade do ensino. De cinco anos para cá, pesquisadores vêm afirmando que a tendência da área de educação é extrapolar os limites da sala de aula. Assim, a inserção da tecnologia nesse contexto se faz cada vez mais importante. Hoje, é por meio da internet que muitos jovens expressam seus sentimentos, reforçam ligações com seus pares e, principalmente, aprendem e absorvem informações. De fato, não é possível pensar em educação sem conceber essa realidade. Os nativos digitais (termo muito usado por Marc Prensky para definir os que já nasceram com acesso à tecnologia) preferem receber a informação de múltiplas fontes, enquanto realizam várias tarefas ao mesmo tempo (correspondem-se por e-mail, assistem a vídeos no Youtube, ouvem música pelo Myspace, etc).

Sem dúvida, esse novo comportamento confere aos estudantes de hoje características diferentes em relação às gerações anteriores. Muitos afirmam que eles se comportam dentro da mesma dinâmica dos jogos, ou seja, preferindo aprender somente o que é relevante, imediatamente útil e divertido. Eles assimilam e imediatamente aplicam esse conhecimento no dia a dia. Seja pela internet, pelo videogame, ouvindo música ou trocando mensagens por meio de programas como MSN, Twitter, etc.

Dentro desse contexto, não se pode deixar de considerar a entrada de jogos no processo educacional. O ponto a se analisar é a forma como isso pode ser feito. De certo, é fundamental ter sempre o objetivo pedagógico claro em mente. Portanto, de forma responsável, já se contempla a utilização e/ou criação de jogos que tenham intuito educativo, mas que contam com características comuns a diferentes tipos de entretenimento, como design moderno, interatividade, tecnologia de ponta, música, etc.

Em julho, o Brasil terá oportunidade de discutir novas tendências em educação, a partir de um encontro com grandes nomes internacionais da área promovido pela Cultura Inglesa. A ABCI 2010, 9ª Conferência Anual da Associação das Culturas Inglesas, voltada para professores e convidados da instituição e que acontecerá no Rio de Janeiro, tem como tema central “Visões para um futuro sustentável — a discussão sobre o futuro da educação`. O evento pretende trazer aos educadores da instituição tudo o que está sendo discutido no mundo sobre ensino, desenvolvimento de novas técnicas e diretrizes para os próximos anos. Marc Prensky, por exemplo, é um dos palestrantes convidados e deverá falar da importância da aplicação da tecnologia no processo de ensino no século 21.

A Associação de Culturas Inglesas entende que encontros como esse são fundamentais para que o Brasil se posicione no contexto educacional global, melhorando as práticas de ensino e formando pessoas cada vez mais adaptadas ao mundo de hoje e dotadas de pensamento crítico. O congresso promete proporcionar três dias de discussões e trocas de informações entre profissionais da área de educação de todo o Brasil e do exterior.
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*Diretora superintendente da Cultura Inglesa
Fonte: Correio Braziliense online, 19/06/2010

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