quarta-feira, 30 de junho de 2010

Bento XVI e o Tribunal americnao

''Levarei Bento XVI para o tribunal'',
afirma advogado das vítimas norte-americanas

Ele havia prometido e vai cumprir: "Levarei o Papa para o tribunal". Mas no dia em que celebra a vitória – "Caiu um novo muro de Berlim" – Jeff Anderson (foto), 62 anos, o advogado das vítimas dos padres nos Estados Unidos, o homem que descobriu que sua filha também foi abusada por um ex-sacerdote, pensa acima de tudo no próximo movimento: uma "missão na Itália" para ouvir os depoimentos dos cardeais Angelo Sodano e Tarcisio Bertone, que ele considera responsáveis pelo "cover up", pelo encobrimento do escândalo da pedofilia.

A reportagem é de Angelo Aquaro, publicada no jornal La Repubblica, 29-06-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis a entrevista.

Advogado, a Suprema Corte não acolheu o apelo do Vaticano. O seu processo pode seguir em frente.
É uma grande vitória, uma vitória enorme. Para a história dos abusos sexuais dos padres, é a queda do muro de Berlim, a queda da separação entre a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental, entre o Leste e o Ocidente...

Mas o que isso quer dizer concretamente?
É uma vitória legal enorme. Para as vítimas desses crimes, é uma extraordinária oportunidade de finalmente fazer justiça. E de fazer com que o Vaticano seja considerado responsável pela sua negligência: pela sua negligência criminosa. E pelo seu papel no encobrimento dos crimes dos padres.

Porém, não houve sentença. A Corte se limitou a não acolher o apelo do Vaticano.
Mas é uma vitória enorme que a Corte tenha nos dado luz verde, finalmente o caminho livre: depois de oito anos de impedimentos levantados desde o início da causa, em 2002, depois de oito anos de obstáculos.

Neste ponto, o senhor pensa em verdadeiramente levar o Papa Ratzinger ao tribunal, como anunciou?
Sim, essa é uma das coisas que faremos. Mas primeiro começaremos pelo cardeal Sodano e pelo cardeal Bertone. Chegaremos ao Papa. Certamente, não quero começar por aí: quero antes ouvir particularmente os seus depoimentos. Porque eles – um como secretário de Estado, o outro como chefe do Colégio Cardinalício – foram os "top guys", os personagens chaves.

Por que eles?
Porque nas suas posições, eles estiveram no centro dos encobrimentos durante um longo período. Assim como o cardeal Joseph Ratzinger, o atual Papa Bento XVI, quando tinha responsabilidades na Cúria. Ele mesmo é o chefe supremo e não partirei dele na investigação: mas chegarei nele.

Como fará para recolher esses depoimentos? Pensa em organizar interrogatórios na Itália?
Sim, deveremos ir para o Vaticano, organizaremos os depoimentos, organizaremos uma missão.

Primeiro passo, o senhor diz, Bertone e Sodano, para chegar a levar o Papa sob processo?
Veja, procuraremos, como disse, ter também o depoimento do Papa. Eu não penso que será possível processar o Papa enquanto Papa: mas o Vaticano, sim. Pela primeira vez, teremos a possibilidade de fazer um processo, aqui nos EUA, em que o Vaticano pode ser considerado responsável pelo encobrimento desses crimes que são os abusos dos padres. É apenas uma decisão que se refere a um caso, mas abre as portas para outros casos e principalmente para o princípio de responsabilidade. E isso é a coisa mais importante.

Como se sentiu assim que recebeu a notícia da decisão da Suprema Corte?
Extasiado...
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Fonte: IHU online, 30/06/2010

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