Christian Albini*
"Um cristianismo segundo o estilo de Jesus
não se apresenta como instituição detentora de um sistema de dogmas
a serem ensinados ao mundo,
mas sim como espaço em que as pessoas encontram a
liberdade para que possa vir para fora a presença de Deus
que já habita a sua própria existência."
Do estilo de Jesus, surge a provocação de um cristianismo que aprende. As patologias e as infidelidades ao evangelho que invadem todas as épocas da história eclesial podem ser lidas como rupturas da correspondência entre forma e conteúdo. Quando prevalece a forma, tem-se um cristianismo reduzido a estetismo litúrgico, a instituição hierárquica, a estrutura onde está ausente a substância daquele amor que Jesus porta até a cruz.
Quando, ao contrário, prevalece o conteúdo, tem-se um cristianismo reduzido a um aparato doutrinal e dogmático, uma verdade feita de fórmulas às quais deve-se assentir, privada de um laço vital com a existência das pessoas. Este último seria um cristianismo sem conversão, em que Zaqueu não redistribuiria as suas riquezas...
Jesus, ao invés disso, indica o caminho de um cristianismo capaz de aprender. Jesus, segundo Christoph Theobald, não define a sua identidade e não a impõe a ninguém. Cria um espaço de liberdade em torno de si comunicando, unicamente com a sua presença, uma proximidade benéfica a todos os que encontra. Jesus não dá um ensinamento metafísico, ético ou moral, mas deixa intuir de modo diferente, de acordo com a pessoa que encontra, uma nova maneira de ver o mundo e de situar-se nele. É como se colocasse cada um na condição de experimentar a própria conversão, a própria descoberta do Reino de Deus em meio a nós.
Um cristianismo segundo o estilo de Jesus, por isso, é capaz de aprender. Em outras palavras, não se apresenta como instituição detentora de um sistema de dogmas a serem ensinadas ao mundo, mas sim como espaço em que as pessoas encontram a liberdade para que possa vir para fora a presença de Deus que já habita a sua própria existência.
Cada pessoa – qualquer que seja sua religião, o seu pensamento e a sua cultura – é portadora de uma imagem que Deus que espera se revelar, como para os apóstolos no Pentecostes, isto é, de tornar próprio o estilo de Jesus. Não de imitá-lo segundo cânones padronizados, mas de realizá-lo dentro da própria unicidade e irrepetibilidade.
Por isso, os cristãos deveriam estar em busca da manifestação de Deus própria de cada religião, cultura e pensamento, ao invés de assumir atitudes de desvalorização e condenação.
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*Christian Albini, doutor em ciências sociais e teólogo italiano membro da Associação Teológica Italiana,
em artigo publicado em seu blog Sperare per Tutti, 16-06-2010.
A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Fonte: IHU online, 19/06/2010
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