Russos ainda veem com suspeita pessoas ricas e bem sucedidas (Reprodução/The Economist)
A versão russa do Fórum Econômico Mundial (SPIEF) abre uma janela anual para a alma ainda dividida da Rússia
Neste ano, o décimo sexto desde sua fundação, o fórum atraiu os
chefes de gigantes globais tais como Goldman Sachs e McKinsey, bem como
todo mundo que é alguém no setor energético. Vladmir Putin fez o seu
primeiro discurso importante a respeito da economia desde recapturar a
presidência.
Havia muitas coisas que pareciam familiares aos habitués do Fórum
Econômico Mundial de Davos. Empresas como PepsiCo e Mercedes-Benz
instalaram stands luxuosos. Henry Kissinger disseminou o seu
conhecimento e jovens líderes globais trocaram cartões de visita
furiosamente. Mas muitas coisas também eram diferente. Potentados russos
como Gazprom e Sberbank pairavam acima de tudo. Cerca de US$ 11 bilhões
em negócios foram fechados.Sim, todos concordaram que a Rússia é por
demais dependente do setor energético. Todos também concordaram que a
Rússia precisa de mais empreendedores para gerar inovações e para
turbinar a criação de negócios. Mas as dúvidas começaram a surgir assim
que se iniciou o debate em São Petersburgo a respeito de negócios.
Tais dúvidas eram em parte práticas. As 30 maiores empresas do país
são responsáveis por mais de 40% do PIB. A pesquisa anual de facilidade
de fazer negócios do Banco Mundial classifica a Rússia em 120º lugar.
Leva dois anos e inúmeros procedimentos burocráticos apenas para
conseguir uma permissão para construir um armazém – sendo que cada
estágio dá a alguns burocratas a chance de praticar algum tipo de
extorsão. Howard Stevenson da Harvard Business School argumentou que a
essência do empreendedorismo é a busca por oportunidades independente
dos recursos que você atualmente controla. Kirikk Androsov, um russo que
administra a Altera Capital, uma empresa de investimento, afirma que a
essência do empreendedorismo em seu país é segurar firme aos recursos
que você controla.
Mas isso é apenas a metade do quadro. Os russos alimentam uma
suspeita profunda por pessoas ricas e bem sucedidas – uma suspeita
fomentada pelo comunismo e reforçada pelos oligarcas da década de 1990,
quedeviam suas fortunas a seus contatos políticos e agiam como
caricaturas de barões ladrões capitalistas.
Os representantes estavam ambivalentes em relação ao Ocidente. A
última vez que tantos russos poderosos expressaram sentimentos tão
virulentos em relação à crise do capitalismo aconteceu no auge da União
Soviética. Os EUA foram repudiados como uma vila Potemkin movida a
dívida. A Europa foi assemelhada à Rússia no fim da década de 1980:
estrangulada pelo governo e capaz de tomar apenas dois tipos de
decisões: as erradas e as de austeridade radical. Os representantes
estavam igualmente ambivalentes a respeito da reforma política. O custo
da continuidade deste ambivalência será instabilidade política bem como
estagnação econômica.
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http://opiniaoenoticia.com.br/economia/davos-no-rio-neva/07/06/2012
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