domingo, 8 de julho de 2012

Davos no rio Neva

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Russos ainda veem com suspeita pessoas ricas e bem sucedidas (Reprodução/The Economist)

 

A versão russa do Fórum Econômico Mundial (SPIEF) abre uma janela anual para a alma ainda dividida da Rússia

Neste ano, o décimo sexto desde sua fundação, o fórum atraiu os chefes de gigantes globais tais como Goldman Sachs e McKinsey, bem como todo mundo que é alguém no setor energético. Vladmir Putin fez o seu primeiro discurso importante a respeito da economia desde recapturar a presidência.
Havia muitas coisas que pareciam familiares aos habitués do Fórum Econômico Mundial de Davos. Empresas como PepsiCo e Mercedes-Benz instalaram stands luxuosos. Henry Kissinger disseminou o seu conhecimento e jovens líderes globais trocaram cartões de visita furiosamente. Mas muitas coisas também eram diferente. Potentados russos como Gazprom e Sberbank pairavam acima de tudo. Cerca de US$ 11 bilhões em negócios foram fechados.Sim, todos concordaram que a Rússia é por demais dependente do setor energético. Todos também concordaram que a Rússia precisa de mais empreendedores para gerar inovações e para turbinar a criação de negócios. Mas as dúvidas começaram a surgir assim que se iniciou o debate em São Petersburgo a respeito de negócios.
Tais dúvidas eram em parte práticas. As 30 maiores empresas do país são responsáveis por mais de 40% do PIB. A pesquisa anual de facilidade de fazer negócios do Banco Mundial classifica a Rússia em 120º lugar. Leva dois anos e inúmeros procedimentos burocráticos apenas para conseguir uma permissão para construir um armazém – sendo que cada estágio dá a alguns burocratas a chance de praticar algum tipo de extorsão. Howard Stevenson da Harvard Business School argumentou que a essência do empreendedorismo é a busca por oportunidades independente dos recursos que você atualmente controla. Kirikk Androsov, um russo que administra a Altera Capital, uma empresa de investimento, afirma que a essência do empreendedorismo em seu país é segurar firme aos recursos que você controla.
Mas isso é apenas a metade do quadro. Os russos alimentam uma suspeita profunda por pessoas ricas e bem sucedidas – uma suspeita fomentada pelo comunismo e reforçada pelos oligarcas da década de 1990, quedeviam suas fortunas a seus contatos políticos e agiam como caricaturas de barões ladrões capitalistas.
Os representantes estavam ambivalentes em relação ao Ocidente. A última vez que tantos russos poderosos expressaram sentimentos tão virulentos em relação à crise do capitalismo aconteceu no auge da União Soviética. Os EUA foram repudiados como uma vila Potemkin movida a dívida. A Europa foi assemelhada à Rússia no fim da década de 1980: estrangulada pelo governo e capaz de tomar apenas dois tipos de decisões: as erradas e as de austeridade radical. Os representantes estavam igualmente ambivalentes a respeito da reforma política. O custo da continuidade deste ambivalência será instabilidade política bem como estagnação econômica.
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 http://opiniaoenoticia.com.br/economia/davos-no-rio-neva/07/06/2012

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