Paulo Yokota*
Operárias brasileiras da construção civil, presidente Dilma Rousseff e Graça Foster
Com o título expressivo de “Amazonas no trabalho”, a prestigiosa revista internacional The Economist informa
num artigo que a mulher brasileira, que na década dos 1960 do século
passado tinha uma modesta participação no mercado de trabalho formal,
hoje apresenta uma presença impressionante. Cita a ONG Mão na Massa que
prepara faveladas para trabalhos duros como as de encanadoras
hidráulicas, pintoras de residências, pedreiras de construção civil
desde 2007. Muitas desejam trabalhar nas indústrias, e seus ganhos reais
vêm aumentando expressivamente nos anos recentes, ainda que na média
sejam inferiores aos dos empregados masculinos. Encontram pequenas
resistências dos homens, nas tarefas que eram tradicionalmente deles,
diante do crescimento do emprego formal e baixo nível do atual
desemprego na economia brasileira, segundo a revista.
O artigo mostra que as mulheres estão estudando mais tempo que os
homens nas escolas, e dois terços dos atuais diplomados em curso
superior são do sexo feminino. Com isto ,está sendo possível com que
elas ingressem nos concursos do serviço público, pois na média são mais
aplicadas nos estudos. Numa impressionante revelação, informa que a
think tank de Nova Iorque, Centre for Talent Innovation, encontrou que
entre as diplomadas universitárias brasileiras 59% são muito ambiciosas,
cifra que nos Estados Unidos chega somente a 36%.
Tanto em empresas privadas como estatais, as mulheres estão
conseguindo posições de destaque, citando o caso tanto da presidente
Dilma Rousseff como da Graça Foster, presidente da poderosa Petrobras.
Mostra que o prestígio da presidente da República vem se elevando, com
sua política de efetuar uma “limpeza na administração pública”, como com
o aumento do número de ministras que chega a mais de um quarto do
total.
O artigo cita que a resistência vem de fora do emprego, como uma mãe
que cita o caso da filha que, mesmo com 31 anos, ela ainda não se casou.
As suas dificuldades é que muitas necessitam dobrar as suas jornadas de
trabalho, pois encontram limitações para conseguir domésticas para as
auxiliarem nas tarefas de casa, citando que muitos homens brasileiros
não se dispõem a ajudá-las nestas necessidades.
Fazendo outras comparações com o que ocorre em outros países, The Economist não
chega a citar que as mulheres estão substituindo os homens em tarefas
duras como a direção de caminhões, motoristas de táxis, militares,
policiais e outras que eram tradicionais dos homens. Pode-se afirmar que
o desenvolvimento brasileiro não teria sido possível sem a elevada
participação das mulheres nestes trabalhos.
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* Paulo Yokota, economista brasileiro (dupla
nacionalidade japonesa), ex-professor da USP, ex-diretor do Banco
Central do Brasil, ex-presidente do INCRA.
Fonte: http://www.asiacomentada.com.br/2012/07/
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