Pedro Cardoso da Costa*
Não existe um pai ou mãe normal, para os padrões sociais, que não se
preocupe com seus filhos em relação ao uso de droga, especialmente na
fase da adolescência. Igualmente, não há pessoa que não se preocupe com a
comercialização com os drogados e as consequências gravíssimas.
Quando
o descendente chega à adolescência, a preocupação ganha contorno de
desespero porque a maioria dos pais já está sem controle algum sobre os
filhos. Esse descontrole começa na tenra infância, quando as criancinhas
fazem birra à medida que os pais fazem concessões. Quando, por exemplo,
o bebê joga a chupeta fora, além da gracinha que acham, logo lhe é
devolvida para agradar, sem questionamento de que a criança pode mesmo
nem estar querendo; deveriam devolver a chupeta somente após a criança
demonstrar desejo e, mesmo assim, só algum tempo depois. Quando maiores,
as crianças aprendem que os pais lhes dão objetos na medida dos seus
desejos e não da sua condição real.
Ao constatar a existência do
domínio material sobre seus responsáveis, a dominação psicológica já
existe há muito mais tempo. Às vezes, as concessões surgem até da
disputas entre os pais. Um cede mais que o outro numa briga de quem
seria mais simpático e aceito pelos filhos.
Ninguém tem a receita
pronta para formar um cidadão de bem, mas existem algumas atitudes e
comportamentos que apontam para uma formação incorreta. Deixar os filhos
sair sem dizerem para onde, e com quem estão acompanhados. Não
estabelecer horário para voltarem, não exigir cumprimento estrito do
horário estabelecido, achar graça sobre atitudes deselegantes ou
desrespeitosas nas relações interpessoais, seja com mais jovens ou com
idosos.
Deixar muito claro o que é razoável eticamente para uma
negociação, o que pode ser aceitável, e do que não tem hipótese de
negociação. Estudar, ir às aulas regularmente e fazer os exercícios
todos os dias — só devem ser dispensados por orientação médica ou por
motivos extremamente relevantes. Jamais brincar antes de fazer os
deveres escolares!
Criar filho sem essas regras pode até não
torná-lo um homem sem caráter, mas vai depender exclusivamente da sorte.
Seria como deixar um copo de cristal cair no chão. Pode até não se
quebrar, mas é por pura sorte, mas isso só muito raramente ocorre.
Os
pais não estão repassando valores que deem sentido de vida aos jovens, e
estes estão sem nenhuma perspectiva de futuro. Para a sociedade, esse
vácuo torna-se mais grave do que eventuais desvios individuais. Eles
deveriam auxiliar os filhos a terem projeto de vida. Estimulá-los a
desejarem apenas bens materiais seria apenas ter uma tática, não
valores.
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* Pedro Cardoso da Costa é bacharel em direito.
Fonte: http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2013/01/17/juventude-sem-futuro/
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