L.F. Veríssimo*
O discurso de reposse do Barack Obama foi uma litania
previsível de boas intenções, como todos os discursos de posse, mas teve
algumas novidades. Nunca antes na história, a palavra “gay” – ainda
mais as palavras “nossos irmãos e irmãs gays” – tinha aparecido num
discurso inaugural. Barack, que minutos antes fizera seu juramento com a
mão esquerda em cima de duas Bíblias (outra novidade), uma que
pertencera a Lincoln e a outra ao reverendo Martin Luther King, para não
haver dúvida sobre o contexto maior da solenidade, incluiu o movimento
“gay” entre as minorias (negros, latinos, imigrantes) e uma maioria
(mulheres) ainda discriminadas. E, pela primeira vez na história, a
questão ambiental, ignorada por presidentes anteriores e pelo próprio
Baraca até agora, mereceu mais do que duas ou três frases no discurso.
Mas a maior novidade de todas, e a mais politicamente relevante, foi a evidente mudança no tom do presidente em relação ao seu discurso de posse anterior e ao seu comportamento, moderado e conciliador, no primeiro mandato. O seu centrismo assumido decepcionou muita gente, apesar de ser uma óbvia manobra para governar com uma oposição republicana majoritária no Congresso e em muitos casos vitriólica. Mesmo com sua retórica convencional, o novo Obama, com as outras novidades do seu discurso e com seu novo tom, deu o recado: agora vai ser diferente. Agora vocês verão o Obama que todos esperavam há quatro anos. “Agora, sim” poderia ser o título do discurso.
Os republicanos continuam com maioria na Câmara dos Deputados e muitos dos novos eleitos são da linha do Tea Party, ultrarreacionários dispostos a ser ainda mais chatos. O presidente pode não cumprir a promessa do novo tom e decepcionar outra vez, mas agora não precisa se preocupar com a reeleição e conta com a reação dentro do próprio Partido Republicano à sua ala maluca, depois do fracasso do seu candidato no pleito presidencial.
Mas a maior novidade de todas, e a mais politicamente relevante, foi a evidente mudança no tom do presidente em relação ao seu discurso de posse anterior e ao seu comportamento, moderado e conciliador, no primeiro mandato. O seu centrismo assumido decepcionou muita gente, apesar de ser uma óbvia manobra para governar com uma oposição republicana majoritária no Congresso e em muitos casos vitriólica. Mesmo com sua retórica convencional, o novo Obama, com as outras novidades do seu discurso e com seu novo tom, deu o recado: agora vai ser diferente. Agora vocês verão o Obama que todos esperavam há quatro anos. “Agora, sim” poderia ser o título do discurso.
Os republicanos continuam com maioria na Câmara dos Deputados e muitos dos novos eleitos são da linha do Tea Party, ultrarreacionários dispostos a ser ainda mais chatos. O presidente pode não cumprir a promessa do novo tom e decepcionar outra vez, mas agora não precisa se preocupar com a reeleição e conta com a reação dentro do próprio Partido Republicano à sua ala maluca, depois do fracasso do seu candidato no pleito presidencial.
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