by {RCRISTO - Tecnologia e Informação}
Mais do que mudar a forma como a tecnologia é usada na educação, a proposta de Marc Prensky é
mudar toda a educação, pois ela é "terrível" em todos os lugares do
mundo. O especialista em educação e tecnologia, convidado da Fundação
Telefônica na Campus Party Brasil deste ano, explicou em palestra na
noite desta terça-feira sobre como os "nativos digitais" precisam ter de seus professores.
O termo "nativos digitais" refere-se às pessoas que já nasceram na era digital, e se opõe aos "imigrantes digitais",
ou aqueles que conheceram o mundo antes da internet. O palestrante
americano mostrou uma foto sua em 1970, com um violão, e depois outra
atual, com um tablet. Na sua percepção, os nativos digitais têm mais
facilidade de adaptação.
"O
mundo todo está em uma má situação em termos de educação", diz, "não
são só países como o Brasil, só países em desenvolvimento". "E por que
digo que a educação é terrível? Porque educamos para um contexto que não
existe mais", afirmou, explicando que hoje em dia não se precisa de
matemática, ciência e física como na época em que essas temáticas foram
incluídas no currículo. "E ninguém ouve quando alguém diz, 'vamos fazer
isso diferente'", completou.
Na visão de Prensky, o foco da educação deveria estar nos "verbos" e não nos "substantivos".
"Questionamos se as crianças deveriam usar o PowerPoint, a Wikipédia em
sala. Mas isso são 'substantivos'. O que realmente queremos é os
'verbos': apresentar, aprender, ler", explicou. "Os verbos não mudam,
queremos os mesmos 'verbos' há mil anos", resumiu, citando pensamento
crítico, lógica, criatividade. "E há muitos desses verbos, mas temos que
nos perguntar: quais são os 'verbos'-chave? E só depois que soubermos
disso, nos perguntamos quais 'substantivos' vamos usar", definiu.
Cérebro estendido
Para
responder a essas perguntas, o especialista apresentou o conceito do
cérebro estendido, uma soma do cérebro de cada um com as possibilidades
oferecidas pela tecnologia. Para o pesquisador, o cérebro é bom em
algumas atividades, mas pode se beneficiar das máquinas para, por
exemplo, "lembrar tudo ou processar três milhões de dados". Em um dos
slides, Prensky resumiu a ideia com uma citação de uma criança de 10
anos: "antigamente as pessoas precisavam saber de cor os números de
telefone".
A
forma de lidar com esse cérebro estendido seria, pois, combinar as
potencialidades das máquinas e dos cérebros. "E acho que é isso que
vocês estão fazendo aqui. Vocês são as pessoas que vão criar a
inovação", afirmou à audiência do palco principal do Anhembi Parque.
Para
falar sobre suas ideias aplicadas à educação, o pesquisador citou um
estudante que disse "a coisa mais inteligente que já ouviu": que
professores entendem a tecnologia como ferramentas, enquanto estudantes a
entendem como uma fundação, uma base que se estende sob o restante.
Trivial x poderoso
Prensky também falou de como vê a tecnologia envolvida na educação de duas formas, uma "trivial" e a outra "poderosa".
"A primeira é fazer as mesmas coisas que sempre fizemos, em novas
formas - sempre escrevemos, agora temos um blog ou usamos teclado. Eu
chamo de trivial, não porque não é importante, mas porque já fazíamos
antes. E há as coisas que não podíamos fazer, que chamo de poderosas",
explicou citando chamadas de voz por IP, tweets, impressão 3D,
inteligência artificial, jogos, simulações e robótica entre as formas
"poderosas" de a tecnologia influenciar a educação.
"Mas
por mais que gostemos de tecnologia, é preciso lembrar que há coisas
muito importantes na educação que a ela não faz", destacou, citando
empatia, escolha e paixão. Para ele, essas são as coisas que o cérebro
faz melhor, e que é nisso que os professores devem se focar, adaptando o
'como' ensinam.
E
é preciso adaptar também, segundo Prensky, mudar o "o quê" se ensina.
Ele defende que no novo modelo de educar os jovens sejam "nós da rede",
que possam se conectar o máximo possível e que os professores orientem o
percurso, fazendo, de acordo com o pesquisador, o que cada um faz
melhor: os estudantes, se conectar e achar os conteúdos, e os
professores: questionar, orientar e avaliar.
"Muito
se diz que a escola precisa ensinar 'o básico' para as crianças, mas 'o
básico' também está mudando" - defendeu - apresentando sua proposta do
que seria o novo "básico" da educação formal, que ele chamada de eTARA,
sigla em inglês para o conjunto de pensamento, ação, relacionamento e
conquista efetivos. Programar, na lista de Prensky, é parte de
pensamento efetivo, assim como ética de relacionamento, e
empreendedorismo de ação.
O
pesquisador finalizou incentivando os empreendedores e geeks que o
ouviam a criar aplicativos, programas e outras ferramentas para mudar a
forma do ensino usando a tecnologia.
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Campus Party Brasil 2013
Fonte: http://rcristo.com.br/2013/01/30/a-educacao-precisa-ser-readaptada-segundo-o-pesquisador-marc-prensky/
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