terça-feira, 26 de janeiro de 2010

É mais dificil fazer amigos adultos

Kristi L. Gustafson
Em Albany, Nova York (EUA), para o Albany Times Union

Um amigo não precisa reunir todas as qualidades: aliás,
o melhor é ter um amigo de cada jeito


Uma amiga estava conversando comigo sobre como éramos ricas em conhecidos, mas pobres em amigos.
Vários leitores do meu blog mencionaram estar em situação semelhante. Rachel, de Albany, é uma delas.
Ela tem 31 anos e dificuldade em fazer amigos. Ela tem conhecidos no trabalho, mas perdeu contato com a maioria de seus amigos de infância e faculdade.
A falta de amigos a faz se sentir solitária e incompleta. Rachel pediu que não usássemos seu sobrenome porque, bem, independente de quão velhos fiquemos - ou de quão maduros formos - nós ainda associamos uma grande quantidade de amigos com popularidade e a falta de amigos como sendo vergonhosa.
Apesar de entender o ponto de vista dos leitores, é importante não se sentir mal caso seu círculo de amigos genuínos não espelhar o número na sua página no Facebook ou Twitter. Há benefícios em ter um pequeno grupo. O principal é o fato de todos conhecerem uns aos outros realmente bem, estarem presentes para dar apoio uns aos outros e não dividirem excessivamente a atenção com muita gente.
Irina Firstein, uma assistente social clínica de Nova York, que lida principalmente com pessoas na faixa dos 30 anos, diz que vários fatores tornam a amizade uma arte em extinção. A cultura atual pressiona os jovens a buscarem uma carreira de sucesso e adquirirem coisas. As amizades frequentemente não são consideradas como sendo valiosas, ela diz. Ao buscar uma carreira e sucesso financeiro, não sobra muito tempo e energia para cultivar e nutrir amizades.
Mas isso não significa que devemos escolher carreiras em vez de pessoas. Especialmente na idade adulta, as amizades são cruciais, diz Firstein. Entre relacionamentos, família, finanças e, sim, carreiras, a vida fica mais complicada e é importante contar com apoio para lidar com seus desafios.
Imagine passar por um divórcio, ou perda do emprego, sem ter ninguém com quem conversar. Claro, seus amigos mais próximos sempre estarão lá para ouvir, para receber você para uma taça de vinho. Mas é bom ter um círculo mais amplo de amigos, cada um com sua especialidade.
Exemplo: você vai querer um amigo ao qual recorrer quando quiser sair em uma balada com a rapaziada; aquele que sempre dá bons conselhos e o amigo para quem você pode confiar seus maiores segredos. Nenhuma pessoa precisa ter todas essas qualidades ¬¬ e nem deveria. A variedade é importante para a felicidade.
Além da infância, a faixa dos 30 anos é aquela em que muitas pessoas têm dificuldade com amizades. Diferente da faculdade, onde as amizades são naturais e orgânicas, os relacionamentos do mundo real exigem mais esforços e são menos naturais, diz Firstein.
Firstein diz regularmente aos seus pacientes que "pessoas que dão telefonemas, recebem telefonemas": "Não fique sentado aguardando que o outro dê o primeiro passo. Seja o primeiro a dá-lo".
Na faixa dos 30 anos, as pessoas conhecem amigos por meio de outras pessoas, no trabalho, e por meio de interesses e hobbies.
É importante também manter contato com velhos amigos, mesmo se viverem em outra cidade, já que isso impede seu círculo de encolher. Quando conhecer alguém de quem você goste, em qualquer situação, busque fazer o primeiro contato. Esteja sempre aberto.
Basicamente, construir amizades não é diferente de construir um relacionamento amoroso. Às vezes você se vê perguntando: "Será que eles se divertiram tanto quanto eu" ou "será que ela vai ligar/escrever"?
Falando de tecnologia, isso pode na verdade atrapalhar as amizades adultas, diz Firstein. As pessoas na faixa dos 30 anos se apoiam tanto em tecnologia (quantas pessoas você conhece que não possuem um BlackBerry?) a ponto de haver uma diminuição no tempo de "contato real". Assim como não é possível namorar exclusivamente online, as amizades não se sustentam apenas diante de uma tela de computador. É preciso sair, estar na mesma sala, compartilhar experiências.
Mas também não significa que é preciso lotar seu calendário sete noites por semana. O equilíbrio é importante. Assim como você pode ter amigos insuficientes, você também pode ter demais. E isso pode resultar em se concentrar muito pouco em cada pessoa em sua vida, de forma que todas acabam se dispersando. E então você acaba voltando à estaca zero.
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Tradução: George El Khouri Andolfato

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