Joaquim Zailton Bueno Motta*
No mês passado, declarações do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que apontaram o valor eutrófico do sexo, repercutiram pela mídia de modo exponencial.
Tivesse ele sugerido um chá de certa planta, uma trilha em determinado morro, ninguém se daria ao trabalho de espalhar o comentário. Como foi uma apologia do sexo, surgiu essa chiadeira geral.
Todos sabemos dos benefícios do sexo, mas ele ainda é, por mais incrível que pareça, um tabu. Há ranços moralistas persistentes na nossa sociedade que o mantêm mitificado como interdição supersticiosa.
O treinador da seleção argentina de futebol, Diego Maradona, também atiçou súcubos e íncubos comentando que a prática sexual seria livre na concentração dos seus convocados.
Muitas reações e especulações polêmicas espocaram nos meios de comunicação e o clima competitivo e a política de valorização da Copa Mundial se ampliou.
Aliás, esta disputa que começa agora, dia 11, está extremamente destacada na mídia. Parece que não há divulgação publicitária que consiga promover seu produto sem apelar para o futebol.
Isso tornou aquela que é divulgada como a mais importante competição esportiva do mundo um pouco desgastada e entediante. Para a expectativa brasileira de alcançar o sexto título mundial, está chegando ao “hexagero”...
Veteranos de outras épocas, cujo sucesso futebolístico se acompanhava de certa lubricidade, foram ressuscitados. Romário e Renato Gaúcho acirraram mais os ânimos com declarações em defesa do sexo antes dos jogos.
Falando de iniciativas antigas que enaltecem a sexualidade, vale lembrar as criações de um britânico do século 18.
James Graham foi uma das figuras mais excêntricas da prática médica. Ele nasceu em Edimburgo, em 1745, onde ele começou a exercer a medicina, embora haja dúvidas se ele era oficialmente qualificado para tal. Em torno de 1780, ele se mudou para Londres, onde se estabeleceu em dependência de requintado edifício da época, o Adelphi Terrace. Ali, ele apresentava o seu ambiente como sendo o “Templo da Saúde”, onde oferecia alguns artefatos que mais pareciam atrações circenses ou de parque de diversões. Havia o “trono magnético”, a “banheira elétrica”, o “banho de terra” e até um elixir da vida.
Para culminar, Graham inventou o insólito “leito celestial”, que se tornou um dos principais atrativos da capital inglesa. Era um imponente móvel apoiado em pilastras de vidro, com uma armação estilo dossel cobrindo-o. Sobre ele, uma mulher atraente, sugerida como uma deusa da saúde nua e cheia de vida. Consta que uma das moças que participaram do procedimento foi a socialite londrina Emma Lyon, depois Lady Hamilton, amante do reverenciado herói Lorde Nelson.
Os visitantes masculinos eram convidados a repousar no leito celestial por períodos que custavam de cinquenta a cem libras, com a promessa de que o tratamento produziria a cura da impotência.
Essa história foi uma das inspirações do escritor Irving Wallace para escrever o romance A Cama Celestial, obra sobre o trabalho polêmico dos suplentes sexuais, pessoas treinadas para ajudarem pacientes com transtornos do erotismo.
Graham foi desprezado como charlatão pela hierarquia médica daquele tempo. Algumas de suas ideias não eram realmente ortodoxas, mas houve aplicações e engenhocas que ganharam crédito ao longo do tempo. Os banhos de lama, a hipnose, o uso de impulsos elétricos e certas propostas dietéticas são agora tratamentos comuns.
E o sexo revela-se terapêutico para si mesmo e para a saúde como um todo. Para se aprimorar como parceiro, a pessoa pratica os contatos sexuais, as técnicas de relaxamento, desinibição e massagens. Para a melhoria geral, é um magnífico exercício que condensa a atividade física e o prazer erótico.
Para os atletas, desde que não associado com drogas, álcool ou desmandos orgíacos, não só é recomendável, mas indispensável.
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*Joaquim Zailton Bueno Motta é psiquiatra e sexólogo.
Fonte: Correio Popular online, 05/06/2010
*Joaquim Zailton Bueno Motta é psiquiatra e sexólogo.
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