Leonardo Echeverria*
Economistas
da UnB analisam desafios para o crescimento do PIB e dizem que medidas
de incentivo devem beneficiar também os empresários
"Quero um
pibão grandão", disse a presidente Dilma Rousseff quando perguntada
qual o presente que gostaria de ganhar em 2013. Para alcançar tal
resultado, depois de um baixo crescimento em 2012 (cerca de 1,5%), o
governo anunciou medidas que buscam estimular a renda e o consumo, como o
aumento do salário mínimo para R$ 678 e novas reduções nas taxas de
juros. Para os professores do Departamento de Economia da UnB, essas
ações são importantes, mas é preciso também dar mais atenção aos outros
atores sociais, principalmente as empresas.
"Essas
medidas, embora sejam importantes para não deixar a economia parar, por
si só não bastam. Nosso problema é estrutural. O que estamos percebendo é
uma enorme desconfiança do empresariado em relação ao cenário que o
Brasil e o mundo vão viver em 2013", afirma o professor José
Matias-Pereira. Maria Lourdes Mollo, da Associação Keynesiana
Brasileira, destaca que há muito tempo a indústria brasileira cresce de
forma lenta. "A situação da indústria que ficou problemática ao longo
dos últimos anos, seja na geração de emprego, produto e renda. Isso se
relaciona com a perda de competitividade em relação ao câmbio, mas agora
é preciso uma política industrial deliberada. Uma política de inovação
tecnológica para que possa sair dessa letargia", diz a professora.
"O
que falta é um estímulo de base mais permanente", afirma José Carlos
Oliveira. "O enfoque do governo é parcial. Para quem recebe, salário é
renda, mas para quem paga, é custo. Precisamos investir em
infraestrutura, ter energia confiável", afirma o especialista. "Essas
medidas anunciadas foram feitas em 2012 e não deram resultados".
FIM DE UM CICLO –
O professor Flávio Basílio tem uma visão diferente. Para ele, antes de
tudo é preciso esperar que as ações atuais mostrem resultados antes de
se pensar em outras mudanças. "Desde 2008, a economia vem passando por
profundas transformações. A taxa real de juros cai de 7% para 1,7% em
2012. A redução da taxa média de juros bancária para pessoas físicas
caiu 25%. Além disso, a gente percebe desoneração da folha de pagamento
em vários setores, como a construção civil. Isso acaba mudando a
estrutura da economia brasileira. Essas medidas ainda não entraram
totalmente em vigor", analisa. Ele acredita que é bastante possível que o
Brasil chegue ao fim do ano com um crescimento em torno de 4%. "Acho
que não é preciso fazer mais, é preciso dar tempo".
Joaquim
Pinto de Andrade, diretor do Departamento de Economia, vê o fim de um
ciclo na economia brasileira. "Algumas medidas já estão fazendo a
diferença. Estamos no final de um ciclo, os estoques das indústrias
estão começando a cair, e isso pode significar aumento dos
investimentos. Apesar da estagnação, o emprego não caiu, e isso não é
ruim", afirma. Para ele, isso indica que os empresários terão mais
motivos para investir na produção em 2013, o que é uma boa notícia.
Ainda assim, ele adverte que é preciso fazer mais pelas empresas.
"Reduzir a carga tributária pode estimular os empresários, mas está
faltando uma política estruturante, conjuntural".
José
Matias-Pereira acredita que as reformas que o Brasil precisa são as
profundas, começando inclusive por mudanças no Ministério da Fazenda. "A
equipe econômica já deu sinais de cansaço, é fundamental alguém que
possa mexer nessas estruturas. Tem que ser alguém com capacidade enorme
de articulação para envolver todos os atores econômicos", afirma. "É
preciso mudar o modelo econômico brasileiro. Adotar medidas macro e
microeconômicas, que façam com que o país reencontre a trilha do
crescimento. Os números dizem que esse caminho foi perdido".
------------------
* Leonardo Echeverria - Da Secretaria de Comunicação da UnB
Fonte: http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=7480
Imagem da Internet
Nenhum comentário:
Postar um comentário