Final de ano é a época em que as emoções estão à flor da pele e as pessoas estão mais suscetíveis a agir por impulso. E a injeção de R$ 8,4 bilhões na economia nacional a partir da diminuição de impostos, da redução de juros e da ampliação do crédito justamente no período mais festivo do ano pode ser garantia da mesa farta e do pinheirinho repleto de presentes. Mas especialistas alertam para uma possível “ressaca moral” em quem se deixar levar pela euforia do momento e não pensar no futuro.
De acordo com Sérgio Cutin, membro da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, a primeira reação da população pode ser a de permitir-se mais, entregar-se às tentações. De modo geral, explica o psiquiatra, indivíduos mais predispostos à depressão no período de Natal e Ano-Novo podem querer compensar as frustrações tendo um comportamento maníaco de fazer dívidas mais altas do que o seu orçamento permite. Mas a alegria pode durar só até 1º de janeiro, quando passar o bem-estar gerado pelas festas e ele se deparar com a realidade de que a crise é mundial e ainda não está sob controle.
– Em um período de balanço como este, seria interessante planejar suas finanças e priorizar tudo aquilo que traga prazer. Não acho que ninguém deva deixar de gastar, apenas acredito no bom senso. Se sobrar um dinheiro no final do mês, que seja utilizado para garantir coisas que tragam alegria – sugere Cutin.
A crise mundial já está se refletindo na vida do trabalhador brasileiro, observa o psiquiatra Manuel José Pires dos Santos, do Centro de Estudos Luiz Guedes da Faculdade de Medicina da UFRGS, ao lembrar as famílias que ficaram tristes por ter de mudar seus planos de viagens devido às demissões ou às férias coletivas antecipadas.
Santos adverte para a possibilidade de recessão caso o consumo desenfreado acabe em inadimplência.
O psicólogo Vinícius Jockyman é mais otimista, acreditando que, se bem aplicadas, as novas medidas podem ser um alento ao povo, que se sente recompensado. Para o especialista, a abertura oferecida pelo governo federal serve como uma forma de incrementar o imaginário social, trazendo esperanças para quem já não mais as tinha.
– O bom eleitor percebe que foi lembrado, ouvido. Estes abrandamentos diminuem os espaços entre o governo e o povo, jogando aberto e beneficiando quem necessita – resume.
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