domingo, 7 de dezembro de 2008

FLANELINHAS



– Vem. Vem mais!! Dirrfaz agora... acerta o jogo. Aêêêê! Deixa solto, meu patrão. Tranqüilidade.
O motorista já sentiu a barra:
– Iiiih, chamou de "meu patrão", vou morrer num dinheiro.
– Vai deixar aquela colaboraçãozinha antecipada?
– O quê?
– É R$ 5, para dar uma moral ao guardador...
– Cinco!? Tá maluco? Vaga certa é R$ 2!
– Não, aqui não tem talão, não. É franelinha mermo.
– Na volta eu dou, valeu?
– O senhor é que sabe...
Pronto. Com essa última frase, o flanelinha clandestino, aquele que não tem talão, nem colete cinza encardido – e muito menos o novo uniforme azul – já inoculou na cabeça do motorista o vírus da dúvida e da apreensão.
Se não der o que ele pede agora, será que, na volta, o carro estará inteiro? Pneu furado? Pára-brisa quebrado? Retrovisor faltando? Porta arranhada a prego?
– Toma R$ 2.
– Ô patrão, a gente cobra R$ 5. Tem o acerto com os homi, né?
Melhor nem perguntar que homens. Todo mundo sabe, menos eu e meu advogado...

http://ee.jornaldobrasil.com.br/reader/zomm.asp?pg=jornaldobrasil_117609/100864 -07/12/2008

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