João Batista Libanio*
"... A equação moderna soa: trabalhos - salários - dinheiro - consumo. Entretanto na roda viva, o descanso, o lazer, a "im-produtividade" perdem valor. E, então, que fazer com as férias? Sofrem da ambiguidade da atual sociedade. Para muitos, ela se torna lugar de mais trabalho, lucro. Assim se desenvolveram a indústria das férias, o turismo, o comércio ligado à presença do afluxo de visitantes e inúmeros serviços articulados com as férias. Não são férias, é momento de ganhar o máximo possível numa temporada relativamente breve.
E os que fazem férias? Muitos carregam dentro de si os mecanismos introjetados da sociedade do consumo e da produção. Aparentemente estão de férias, mas vivem uma agitação interior no mesmo espírito do capitalismo de usufruir, de lucrar, de aproveitar o máximo, que acabam mais cansados psiquicamente que iniciaram.
Durante o ano de trabalho, sonha-se com as férias; nas férias, leva-se o trabalho junto. Eis esse homem moderno tão inteligente e criador, mas pouco capaz de viver como os antigos o ócio do descanso, da gratuidade, da amizade, da contemplação".
*Pe. João Batista Libanio - professor do CES da Cia de Jesus, em Belo Horizonte. Autor de vários livros)
( Trechos da coluna do Teólogo Padre João Batista Libanio:Hora de desligar-se geral, no jornal Opinião, Belo Horizonte, 03a09/05/2005)
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