O presidente da Associação Brasileira de Pesquisa de Criação,
Christiano da Silva Neto,
afirma que, enquanto não houver consenso,
tanto o evolucionismo quanto o criacionismo
devem ser dados nas
aulas de ciências.
FOLHA - O criacionismo deve ser ensinado nas aulas de ciências nas escolas?
CHRISTIANO DA SILVA NETO - Melhor seria perguntar: "Por que estudar as origens?". Todas as culturas demonstram interesse por isso. Conhecendo as origens das espécies, do Universo, pode-se explicar o que ocorre no presente.Os cientistas evolucionistas entendem que seu modelo é o que corretamente explica as origens do Universo e da vida, enquanto os cientistas criacionistas entendem que o seu modelo é o correto.
FOLHA - O que o sr. acha de ensinar tanto o criacionismo quanto o evolucionismo?
SILVA NETO - Há muitos pontos dogmáticos, tanto no modelo evolucionista quanto no criacionista.A grande maioria dos homens de ciência, hoje, é de evolucionistas, mas vem crescendo o número de cientistas criacionistas.Enquanto o consenso não existir, a maneira mais justa e honesta de lidar com a questão é apresentar ambos os modelos nas aulas de ciências, dando destaque aos pontos fortes e fracos de cada um.
FOLHA - Para os críticos, criacionismo não é ciência.
SILVA NETO - É uma acusação injusta, derivada da falta de conhecimento. O criacionismo aponta para a existência de um agente externo ao Universo, que teria sido a sua causa. A ciência não tem, ao menos hoje, capacidade para investigar algo fora dos limites do Universo. Portanto, esse agente está fora dos limites da ciência.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1312200828.htm
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1312200828.htm
A bióloga Rute Maria Gonçalves de Andrade,
diretora da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência),
diz que "de forma nenhuma" o criacionismo
pode ser ensinado em aulas de ciências.
Isso porque, afirma,
"falta tudo" para que essa linha
seja considerada ciência.
FOLHA - O criacionismo deve ser ensinado nas aulas de ciências nas escolas?
RUTE MARIA GONÇALVES DE ANDRADE - De forma nenhuma, pois não é conhecimento científico. Ninguém pode fazer, por exemplo, um experimento para provar a existência de Deus. E fazer experimentos é uma das bases da ciência.
Na ciência, não se pode usar como base a crença. Não posso dizer que um animal está em extinção porque eu simplesmente creio nisso. Na ciência, tem de haver método, o que os criacionistas não conseguem fazer.
FOLHA - O que a sra. acha de escolas que ensinam, juntos,
evolucionismo e criacionismo?
ANDRADE - Também acho errado. Claro que um aluno pode questionar sobre o criacionismo, mas o professor deve estar preparado para dizer que isso não é conhecimento científico.
FOLHA - Mas os criacionistas vêem falhas e criticam a teoria evolucionista.
ANDRADE - É um absurdo.Obviamente a teoria da evolução ainda não se esgotou, mas o que foi descoberto até agora foi pautado por métodos científicos. Quando se publica em revista científica, a metodologia é rigorosa e os procedimentos devem ser passíveis de reprodução.Para o criacionismo, falta tudo isso. Apresentar esse modelo aos alunos é um prejuízo, pois ele ficam impedidos de ver o que é o conhecimento científico.
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