sábado, 30 de março de 2013

A Nossa Caverna

Luiz F. Sardinha*
O Mito da Caverna – ou Alegoria da Caverna – escrito pelo filósofo grego Platão, é uma das maiores referências filosóficas a respeito da realidade e da ilusão. Ou, como diria o filósofo, um contraste entre o mundo sensível (aquele que observamos através dos sentidos) e o mundo das ideias (aquele alcançado através de intensa reflexão).

No livro VII de “A República”, Platão narra o Mito da Caverna, alegoria da teoria do conhecimento.
 
Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um alto muro, cuja entrada permite a passagem da luz exterior. Desde seu nascimento, geração após geração, seres humanos ali vivem acorrentados, sem poder mover a cabeça para a entrada, nem locomover-se, forçados a olhar apenas a parede do fundo, e sem nunca terem visto o mundo exterior nem a luz do Sol. Acima do muro, uma réstia de luz exterior ilumina o espaço habitado pelos prisioneiros, fazendo com que as coisas que se passam no mundo exterior sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Por trás do muro, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras de homens, mulheres, animais cujas sombras são projetadas na parede da caverna. Os prisioneiros julgam que essas sombras são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são os seres vivos que se movem e falam. Um dos prisioneiros, tomado pela curiosidade, decide fugir da caverna. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões e escala o muro. Sai da caverna, e no primeiro instante fica totalmente cego pela luminosidade do Sol, com a qual seus olhos não estão acostumados; pouco a pouco, habitua-se à luz e começa ver o mundo. Encanta-se, deslumbra-se, tem a felicidade de, finalmente, ver as próprias coisas, descobrindo que, em sua prisão, vira apenas sombras. Deseja ficar longe da caverna e só voltará a ela se for obrigado, para contar o que viu e libertar os demais. Assim como a subida foi penosa, porque o caminho era íngreme e a luz ofuscante, também o retorno será penoso, pois será preciso habituar-se novamente às trevas, o que é muito mais difícil do que habituar-se à luz. De volta à caverna, o prisioneiro será desajeitado, não saberá mover-se nem falar de modo compreensível para os outros, não será acreditado por eles e correrá o risco de ser morto pelos que jamais abandonaram a caverna.
 
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Então, quando  o que observamos no mundo com os nossos sentidos passa a ser uma verdade absoluta, agimos como os habitantes da caverna de Platão, só conseguimos enxergar as sombras do que nos é mostrado. Na vida, devemos refletir sempre e profundamente, antes de aceitarmos as verdades sombrias daquilo que muitas vezes nos é imposto, pela sociedade, pela mídia, pelas religiões e até pelas pessoas que achamos que nos ama e aquelas que amamos.
 
O conhecimento, representado pela luz, nos dá chance de evoluir, mas para alcançar essa luz é necessário romper com as correntes que nos predem dentro das nossas cavernas.
Até a próxima.
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* Psicanalista.
Fonte:  http://jornalterceiravia.com.br/26/03/2013
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