Estrangeiros aderem ao hábito brasileiro de ter empregados domésticos e
justificam: como fazer sem escola integral e horário flexível para as
mães?
Empregados domésticos estão tão imersos na cultura brasileira que é
difícil viver sem eles, apontam estrangeiros que vivem no Brasil com
quem a Folha conversou.
Um exemplo dessa simbiose é que as escolas integrais, comuns na Europa e na América do Norte, são pouco disseminadas no país.
Outros aspectos da realidade do país, como o trânsito nas grandes
cidades e a falta de horários flexíveis de trabalho para as mães, também
dificultam a vida de profissionais com filhos, dizem.
"No Canadá, ter empregada era muito incomum, mas eu, quando criança,
ficava na escola o dia inteiro. Meu filho, aqui no Brasil, não ficava.
Minha mulher e eu então contratamos uma babá, não tinha jeito, nós dois
trabalhávamos", diz Sean Purdy, 47, professor da USP.
Purdy lembra ainda que, exceto para quem, como ele, mora muito perto da
escola dos filhos, privilégio em uma cidade grande como São Paulo, há
ainda a necessidade de levá-los e buscá-los.
"No Canadá, ainda mais em uma cidade pequena, as crianças vinham para lá
e para cá sem problemas, ficavam sozinhas. Qualquer problema
procurávamos os vizinhos."
Para executivos, com cargas horárias elevadas, o problema é ainda maior.
É o caso da francesa Virginie Fernandez, 40, diretora de RH de uma
multinacional. No que se refere a ter empregados, ela passou por três
fases.
Primeiro, em Paris, sem filhos, há 12 anos, tinha "uma mordomia bastante
boa": uma faxineira gastava poucas horas por semana limpando seu
apartamento.
Quando veio ao Brasil, descobriu que aqui, para limpar um apartamento do
mesmo tamanho, o padrão era ter uma empregada duas ou três vezes por
semana. "E ainda não resolviam tudo..."
Ao ter um filho, há seis anos, rendeu-se à babá. Hoje, com dois, paga R$ 2.000 por mês a uma empregada que mora na sua casa.
Existem até empresas especializadas em auxiliar executivos de outros
países transferidos para o Brasil a achar empregados, entre outros
serviços, como ajuda para alugar imóveis ou encontrar escola para as
crianças.
Segundo Silvia Kuhn, diretora da Edelweiss Gestão Empresarial, uma
dessas empresas, o preço baixo do serviço doméstico costuma surpreender o
estrangeiro que chega ao país. Apesar disso, a maioria das famílias
acaba se acostumando a ter uma doméstica em casa todo dia, diz.
"É uma opção bem aceita principalmente pelas mulheres, que descobrem que podem ter mais tempo para cuidar delas mesmas."
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Reportagem por RICARDO MIOTOMARIANNA ARAGÃODE SÃO PAULO
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/100211-precisa-se-de-domestica.shtml
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